31 de dez. de 2007

Feliz ano novo

É o que dizem por aí em todo lugar. De fato o novo ano que entra é uma roleta. Randômica, aleatória, e geralmente com um péssimo humor.

Nos 46 minutos do segundo tempo acho que não há mesmo muito mais que se possa fazer, a não ser ficar falando "Feliz Ano Novo" pra todo mundo.
Deite-se confortavelmente, em posição fetal, escolha uma estação de rádio daquelas que usam em elevadores, um saco de batatinha do lado, uma garrafa de coca-cola e aguarde até o dia 2, 3, ou mais caso julgue necessário.
O importante só é mesmo trocar o calendário da cozinha e não esquecer de assinar os cheques com o ano de 2008.
E no desespero, lembre-se que daqui uns 4 ou 5 meses você vai estar desesperado com um zilhão de coisas, tomando vidros inteiros de maracujina, e lembrando desse momento agonizante onde você podia tão só e simplesmente ficar aí sentadinho, no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. E quando se lembrar disso, esse ócio doloroso e perturbador vai se transformar num momento tão saudoso, tão nostálgico... E aí poderá dizer "Que ano novo maravilhoso!!"

Mah vamu vê. Mah vamu vê.

Algo ainda me diz que há algum motivo pra achar que tudo está se encaminhando do jeito bom.


Feliz ano novo pra todo mundo, cheio de dinheiro, saúde, felicidade, paz, harmonia, sabedoria, amor, amizade, trabalho, fartura, justiça, fé, luz, oportunidades, esperança, golfinhos, gatinhos cor-de-rosa com lacinhos na cabeça, elefantinhos em miniatura, andorinhas de porcelana na parede e baixas probabilidades de ser pego em cheio por um ônibus desgovernado na contra-mão

19 de nov. de 2007

Eu era fantástico.

Não lembro muito bem como eram as coisas no começo. Vou mais pelo que me contam e pelo que suponho que tenha sido. Mesmo assim, acredito mesmo que eu era muito melhor antes do que sou hoje, em todos os aspectos. Eu era ágil, pra começar. Hoje em dia não consigo correr 1km sem tropeçar na minha língua. E pensar que comecei a minha vida ganhando uma corrida decisiva com mais mais de 200 milhões de espermatozóides. Mas acho que eu era melhor com meu antigo flagelo do que sou hoje com as pernas. Só pode ser essa a explicação.
E, falando em fôlego, não consigo ficar mais que um minuto embaixo d'água sem respirar. Ninguém acreditaria se eu dissesse que passei pelo menos nove meses assim.
Quando eu era bebê era foda também. Toda mulher que me via passando na rua me olhava. Umas chamavam de lindo, outras sorriam, outras vinham me agarrar sem cerimônia. Era uma beleza. E olha que eu era baixinho, gordinho e carequinha.
Mas a estética dos anos 70 devia ser diferente. Hoje em dia pra ter o mesmo êxito eu teria que ter um cabelinho descolado, um sapato maneiro e uma camiseta rosa estampada com golinhas e mangas pretas.

Acho que cada vez as coisas são mais difíceis e, pela prospecção, a tendência é piorar. Daqui a pouco vou estar velhinho, sem dentes, fedidinho e possivelmente cego. Não vou servir pra muita coisa e nem que eu tenha algo interessante a dizer, vai ter alguém pra ouvir. Gastar a vida pra adquirir conhecimento, conquistar um belo corpanzil, realizar obras memoráveis... balela. A pluricelularidade do homem é o inferno. Bons tempos de quando eu era monocelular. Tinha um belo e ágil flagelinho, um monte de irmãozinhos ou cloninhos (sei lá) com inveja de mim... era legal.

Quanto mais células ganhamos, mais problemas vêm de brinde. E não é isso o câncer? Células que se reproduzem alucinadamente? Só problema.

E ficar velho é ir perdendo, né... Elas já não se regeneram mais muito bem e vão morrendo. Aí cai dente, cabelo, cartilagem, pinto, cai tudo. Caduco, enfim. Aí me pergunto: Pra quê? Acaba sendo como uma prestação de automóvel zero, pra pagar mais de 500 por mês durante 48 meses. Aí depois de 10 meses dá uma zica e não consegue pagar, acumula, multa, juros, e as parcelas voltam na sua cabeça como se fosse um míssil, até conseguirem arrancar de você seu carrinho, que por sinal já tava começando a dar gastos com seguro, IPVA, gasolina e borracheiro.

Por isso, jovem cabeçudinho flagelado que quer se aventurar no mundo daqui de fora, saiba que você está melhor aí onde está. Se por acaso encontrar um dia na sua frente uma barreira de látex, perder a corrida da vida ou mesmo acabar sendo descartado na privada (ou num corrimão de escada rolante [eu evito segurar, nunca se sabe... cada pervertido que tem nesse mundo]), tome ciência que ainda assim, está numa vidinha mais digna. Curta, de fato, mas mais tranquila. Quando der a largada, não tenha pressa. Fagocite alguma molécula de glicose e seja feliz.

28 de ago. de 2007

Você não é de nada, só come marmelada

Esta frase entra em conflito direto com aquela encontrada em revistas de saúde: Você é o que você come.

...

Não dá pra não ser nada. Pelo menos marmelada você é.

14 de ago. de 2007

Obrigada você!

Caso típico. Eu na padaria, de manhã.

- Foram dois cafés. Desculpa, mas você vai ter que me trocar 50 reais
- Ixi! ... Hum.. Café de coador ou espresso?
- Coador. Dá R$1,60.
- Hum... Vinte.... Quarenta.... tá aqui seu troco.
- Obrigado.
- Magina, brigada você.

Obrigado, obrigado.... A gente diz isso quando alguém nos faz um favor, não? Recebemos um favor e nos sentimos (ou nos dizemos) obrigados a retribuir, em qualquer oportunidade.

Aí, eu encaro que o fato dela me dar o troco era um mero favor. E agradeço, dizendo que me sinto obrigado a retribuir, oportunamente, o grande favor de receber o troco.
E a pessoa ainda diz: "(i)Magina, (o)brigada vc". Ou seja, "Imagine só. Realmente, você é obrigado a retribuir."


Se fosse possível voltar no tempo e corrigir os erros - meus e do mundo:

- Foram dois cafés de coador - e dou a nota de 50.
- R$1,60
Dou o dinheiro.
- Hum... Vinte.... Quarenta..... tá aqui seu troco.
- Tchau.
- Tchau.

Mas aí fica muito frio, sei lá. Tudo bem, tiremos os obrigados porque numa relação de troca como essa, ainda mais sem nenhum afeto envolvido, não sobram pendências nem dívidas. É melhor, talvez, dar uma esquentada na situação, com uma encenação de algum resquício da cultura medieval, daquela coisa de servidão, de obrigações e tal.

O que a gente fala nunca tem mesmo nada a ver com o que a gente quer dizer. Mas, em compensação, todo mundo sabe disso.


É como os operadores de telemarketing: "Sinto muito, senhor, mas não tem nada que eu vou estar podendo fazer pelo senhor. Algo mais em que posso ajudá-lo?"

29 de jun. de 2007

Cheguei!

Cheguei bem. E, na medida do possível, estou vivo.

28 de jun. de 2007

E quem é cagado??

Como combinado, dia 26, as 10 da manhã, estava pisando em território brasileiro. A única diferença é que não tinha ainda cruzado o atlântico. Na real, no consulado-geral em Madrid, onde recebi algumas bolachas, um café quase forte, 50 euros e uma carta de salvo-conduto pra eu poder voar. Ao chegar em Gatwick, no dia 26, nem sei mais quanto tempo faz, já fui avisado no check-in que não tinha vôo pra mim em Madrid, e que eu ia pro hotel de novo. Só que, com 20 vuelos cancelados, a aerolíneas acabou por ocupar todos os hotéis de Madrid. A última leva, da qual não participei, foi pra um hotel em Toledo, há quase 100 km. Acabei dormindo no aeroporto, e quando acordei estava sem passagem nem passaporte.

Agora estou em Buenos Aires. Graças à atenção do consulado consegui documentação pra poder voar de volta pro Brasil (e não preciso de mais que isso) e também as passagens pela aerolíneas. Bom, o aeroporto não é lugar para se quedar e eu realmente acho que se sumiu alguma coisa a culpa é da aerolíneas. Eu tinha tanto sono que dormi as 17 horas de voo transatlântico, quase ininterruptamente. Pelo menos conheci Madrid melhor, O metrô deles dá pau em qualquer um do mundo. É impressionante.

Não dá muito pra explicar como é tudo isso. Mas agora está tudo bem. Devo chegar pela manhã em São Paulo. Eu acho legal a gente pagar mais de dois mil reais pra passar quase 6 dias (somando todos os de voo) vivendo como escória, dormindo no chão, comendo (ou devorando) aquela comida insalubre de aeroporto, etc.

Mas, isso tudo é o de menos. Fiz o que tinha que fazer, conheci o que tinha que conhecer, gastei o que não podia gastar. E vai ser bom.




24 de jun. de 2007

A lua eh feita de queijo verde

Pelo menos, eh o que dizem os ingleses.

Bom, a conferencia foi boa, correu tudo direitinho, apresentei e foi bom. Estou de volta em Londres e nao tenho onde ficar. Ta foda. Minha passagem eh soh pro dia 23. E a net aqui eh uma bosta.

Bom, trabalho feito.

21 de jun. de 2007

A beautiful day

Hoje foi um dia realmente agradável. Conheço Andy Curtis há pelo menos 8 anos, a gente se falava muito via ICQ. Ele sempre morou aqui em Durham, agora mora um pouco mais longe, mas não muito - aproximadamente meia hora de carro. Nos conhecemos por um software que mesclava sequenciador MIDI com recursos colaborativos. Era um programa pra se fazer gigs virtuais pela internet. Infelizmente, o ResRocket sumiu. Acho que o Cubase comprou ele e depois destruiu, não sei bem. De qualquer forma, a possibilidade de um dia nos encontrarmos era muito remota. Eu não sou muito de fazer amigos virtuais, mas por algum motivo nos falávamos com muita frequência, mesmo depois da extinção do programa. E ontem combinamos de nos encontrar, aqui em Durham. Veio ele e sua esposa, tomamos um espresso e ele me botou no carro pra me mostrar algumas coisas mais. E eu descobri uma coisa muito interessante: Muitos termos em inglês, como "hills", que vc traduziria por "montes", ou "pradarias", sei lá, não fazem sentido pra gente. Porque, neste caso, nós temos alguns montes, eles tem outros tipo de montes. Ele me levou pra passear nos hills. É um monte de montanhinhas baixinhas a perder de vista, e dá pra ficar uma meia hora só olhando e apreciando. E o pessoal daqui tem por natureza um certo apreço pela simples contemplação. É muito comum ver pessoas sentadas, paradas, olhando ou admirando a rua, uma estátua, coisa assim. Como se o tempo fosse outro. Eles inclusive costumam fazer caminhadas pelos hills. Ontem mesmo um velhinho (bem velhinho mesmo) me chamou pra ir caminhar com ele. Um ônibus nos levaria há mais ou menos 13km daqui e voltaríamos a pé. Parece coisa de louco, mas eles adoram fazer isso. Vão cruzando os hills e olhando a natureza.

Bom, voltando. Aí, paramos em uma cidade tombada, que ninguém pode mexer, datada de sei lá quantos anos atrás. E entramos em uma taverna com cara de taverna, com um taverneiro com cara de taverneiro. Me senti o próprio Bilbo Baggins. Ainda tomei algumas cervejas da região. Black Sheep, fantástica. O gosto fica na boca como se fosse um vinho.

Aí rodamos um pouco, tiramos umas fotos, e fomos pra fazenda de um amigo dele. Aí ele mostrou uns instrumentos dele, ele me ensinou a tocar gaita de fole e o caralho. O cara pegou uma harley davidson no lixo e refez ela inteira. Não dá pra explicar o que era aquilo.



No final do dia a Sra. Metacalfe me chamou pra ir ao pub com ela, pq ela ia encontrar uns amigos para jogar Quiz. Eles fazem quiz aqui que nem bingo de quermesse, mas toda quarta feira. Foi bem legal tb.

Aliás, descobri outra coisa: evening. No Brasil isso não existe, essa palavra também não faz sentido. Temos morning, afternoon e night. Evening seria esse período de fim de tarde, aquela penumbrinha de quando o sol está pra se deitar. Aqui esse período vai mais ou menos das 6 da tarde até umas 10 da noite. Se vc olhar o céu as 11:30 da noite ainda vai ver um pouco azul. E eles consideram isso como um período do dia, eles fazem programações para os evenings... E night serve pra dormir, vc já bebeu todas no evening, já viu os amigos e tal. Nossos horários de verão são o mais próximo que temos disso.

Bom, vou ficar na casa dela até sábado. No sábado a noite embarco pra Londres e durmo no ônibus.

Mas as coisas estão indo bem. Preciso ainda terminar meu powerpoint e estudar minhas falas, coisas assim.

Mas foi realmente bom ver o Andy. Realmente, e isso eu sempre soube e o mundo cada dia mais me confirma, amigos são coisas das mais preciosas na vida de uma pessoa. É aquele que não precisa ter hora, lugar, expediente, não precisa nem ter assunto. A presença é suficiente e a ausência também. É a relação humana que transcende todas as necessidades mentais ou físicas. Amizade é uma simples mistura de apreço, respeito, confiança e cumplicidade. E só.






20 de jun. de 2007

Sem título por falta de idéia

Pra quem duvida que cada dia eu fico mais besta...



Hoje vou encontrar um amigo meu, que mora aqui na cidade, de muito tempo. Pela primeira vez em pelo menos uns 7 ou 8 anos. Isso é fantástico. Se pá vamos fazer um sonzinho.

Bom, adicionalmente vou colocar umas fotos mais. Não são de ontem, mas tá valendo. São legais.





19 de jun. de 2007

Batata chips = batata frita.

Por £1.50 agora podemos comer uma porção monstruosa de batatinhas. Eles chamam de chips, mas é batata frita normal. Pelo menos agora podemos jantar também, pelo menos sem pesar na consciência.

Como tudo fecha muito cedo, a gente passa boa parte do tempo sem ter o que fazer na cidade. A biblioteca fecha as 19h e não podemos mais usar a internet. Então a gente vai pro quarto e fica lá, tocando viola, trabalhando no projeto...

Ontem mesmo a gente gravou uma imagem de como é as coisas aqui no cotidiano. Vê aí.



Vou ter problemas pra encontrar lugar pra ficar nos dias da conferência. Estou preocupado com isso. A sra. Metcalfe falou que em último caso eu posso dormir no Living room, mas ela não ficou muito confortável com a idéia. Pelo menos após a conferencia, no dia 23, já me acertei. Vou pegar o ultimo ônibus pra Londres, as 0h15. Assim pelo menos eu durmo no ônibus, chego lá as 6 da manhã. Além de economizar uma estadia, eu já me aproximo mais do aeroporto.

Ela lavou minhas roupas. Que puxa...

Fique atento para as próximas aventuras de um sem-teto muito pirado armando todas numa cidade medieval que vive à base de batatas (pelo menos é uma das poucas coisas que eu conseguiria comer sem muitos problemas)

18 de jun. de 2007

O fatídico caso do cagão

Quando digo que fico horas olhando pra um interruptor de luz até descobrir como funciona, não é mentira. A prova disso foi quando cheguei na casa da Sra. Metcalfe e precisei botar pra fora o bolo fecal resultante de um dia inteiro de viagem de ônibus. O banheiro era lindinho, tudo gracioso. Tudo lovely. Aliás, eles cultivam o lovelismo aqui. Tudo tem que ser lovely.

Bom, sem delongas, sentei no vaso e tingi a porcelana mesmo. Escorreguei um kibe. Passei um fax pro Mandela. Ou, na linguagem erudita, larguei um barrão.

E como funcionava a descarga???

Eu mexia na alavanquinha e fazia *flóf*. Só. Fiquei uma meia hora trancado no banheiro pensando no plano B. Pensei em coisas realmente absurdas, as quais prefiro mantê-las na minha cabeça, assim posso me assegurar que ninguém que ler isso vai imaginar as cenas - a menos que suponha por conta própria, como você mesmo está fazendo agora.

Então, como bom encanador, abri a porra da privada e fui ver como ela funciona. Era bem diferente da que costumamos usar aí. Não entendi pq o mecanismo era daquele jeito, mas ela funcionava meio que baseado numa bomba de pressão. Aí descobri que se eu desse uma punhetada (não achei termo melhor) na alavanquinha, a água saía.

E é assim a história. Um dia volto pro Brasil, mas com a certeza que deixei algo de mim na Inglaterra.

17 de jun. de 2007

That rehearsal was amazing.


A Sra. Metcalfe, dona da casa que eu estou, resolveu me dar uma aula de inglês por dia, de graça. Hoje ela me deu um papelzinho com umas bobaginhas tipo:


"

Rehearsal

(verb)

We rehearsed at the cathedral last night


(noun)

That rehearsal was amazing.

"






Meu dinheiro está meio curto. Fiz as contas hoje e constatei que terei que fazer malabares. Aqui não tem alberguinho barato e não tenho onde cozinhar. De qualquer forma, não preciso gastar com revelação de fotos e posso acessar a internet daqui da biblioteca local. Dependendo dou um pulo no castelo. Não sei quando vou ter a oportunidade de entrar em um castelo se não for agora, mas por £12 a gente acaba por pensar duas vezes.

16 de jun. de 2007

A great day (for dûks!)

Bom, não consegui postar bem aquele dia. Tinha dois minutos de internet e foi o máximo que consegui postar. Aquela história toda do macarrão. Todo aquele papo, de que cozinhei no albergue, que foi super econômico e que fiz um amigo francês que comeu macarrão comigo - que deixei resumido em uma frase.

Aí ontem não postei pq as coisas aqui fecham cedo. Eu ainda estava em Londres, mas lá pras 9 da noite (5 da tarde no Brasil) eu já estava bêbado de Carlsberg, tocando viola na frente do albergue. Eu, o francês, uma catalã, um neozeolandês e tinha um cara do Zimbabwe tocando um tipo de bongô, comigo. Era uma gig multiétnica. Deu pra fazer uns 2 ou 3 beatles. Isso é verdade, eu sei que pode ser meio nonsense, mas é verdade... Depois ainda matamos a garrafa de velho barreiro. Eu sabia que isso ia acontecer.. Oh, merda.

E por falar em Beatles, fui no Abbey Road Studios, a mando do Rodrigo. Foi legal. Tirei fotos tipo padrão... Aliás anteontem eu descobri o lado negro de Londres, pq pelo mapa dizia que a rua Abbey Road ficava do outro lado da cidade. Então eu fui sair tipo num Bronx londrino, lá do lado leste... E não tinha nada a ver. Depois descobri que tinha umas 4 ruas Abbey Road. Mas foi bom, aprendi a andar em Londres. Peguei metrôs e ônibus... e conheci coisas que poucos conhecem quando visitam.

Daí, ontem peguei o onibus pra Durham. As 4 da tarde. Passei 8 horas atravessando o país em um busão. Cheguei aqui bem tarde. A cidade é uma cidade medieval, tem uma catedral gótica de mais de 1000 anos e a escola de música onde vou fica praticamente dentro de um castelo... É uma coisa que não dá pra explicar
Hoje estava vendo um ensaio de câmara na catedral. É comum aqui.

Choveu pra caralho. Aqui é alta estação de cricket. Tá cheio de escoces falando que é um bom dia para os patos, pq eles querem ver jogo de cricket (é tipo copa do mundo do cricket, bem na final) e está chovendo, os jogos são cancelados.

Agora passou a chuva.

13 de jun. de 2007

fim

hoje fiz macarrao

12 de jun. de 2007

CMU! HAHAHA

Estive hoje, na maior cara de pau, na RCM - The Royal College of Music. Entrei la e fui conhecer o museu de instrumentos deles. Fantastico. Tinha pianoforte entalhado a mao, uns cravos todos pintados do sec. XVI, harpas, uds, fagotes, tudo. Aih fui na biblioteca deles. Tinham salas separadas, de partituras: Strings, Keyboard music, Choir, etc., e no corredor, separado por autores. O acervo de CDs deles eh maior que qualquer fnac em Sao Paulo. Rodei (sem autorizacao) pelos corredores, e vi avaliacoes de formandos, vi pessoas estudando, etc. E conclui, rapidamente, que nao faz o menor sentido o que fazem no CMU. Eles entendem essa musica, e usam ela. Lah isso eh uma mentira.

Alias, refleti muito sobre isso hoje. O Brasil eh um puteiro pq consome as coisas daqui, desde carros ateh procedimentos de gestao empresarial, mas essas coisas nao funcionam na realidade brasileira. Entao, adaptam, pra funcionar. Aih tudo fica parecendo gambiarra.

Eu fui no parque hoje e vi esquilos, corvos, bichos muito unusuais. Fui nos museus e cada sala de museu era melhor do que qualquer apresentacao sazonal dessas - tipo corpo humano, darwin, etc.

O Brasil goza com o pau dos outros porque nao sabe que tem um pau bem grande - O pau-brasil.

Foi melhor hoje. Mal vejo a hora de me alimentar com o curry dos indianos a 3 librinhas.

Aqui nao eh dia dos namorados.

Alias, eu tenho sempre que escolher. Se eu pedir informacao pros ingleses, vao me dar com ma vontade, mas consigo entender. Se pedir para os indianos, vao me dar super contentes, mas nao vou entender patavinas.

11 de jun. de 2007

Sao Paulo.

Eh igual. Com a diferenca que nao tem um teclado de computador utilizavel. Imagina Sao Paulo. Mas troque os cearences por indianos, os baianos por arabes, os goianos por russos e mineiros por gregos. O resto, que sobra, eh gente da comunidade europeia.

Gasta-se os tubos aqui em Londres. Ja estou negociando um dos meus rins. paguei £4.00 pra andar de metrozinho de 4 estacoes. Tinha uma Fanta que custava £0.85 na loja de um mexicano, eu quis baratear e pedi agua: me cobrou £1.40

Enfim. To fudido. Vou ficar aqui mais 4 dias, pelo visto. E tah foda, pq nao aguento o cheiro. Tudo cheira esquisito. Ainda com essas comidas estranhas que vende na rua... parece a bosta da Praca da Liberdade, naqueles dias que fim de semana que tem aquela feirinha maldita, com aquela fedentina de comidas de varios lugares tudo junto. Soh que lah eu ja acostumei com o cheiro, trabalho lah, tenho que passar nisso todos os dias. E eh por isso que nao me preocupo, acho que me acostumo aqui tambem. Cheiro eh foda. Soh com o tempo pra gente acostumar com eles e soh com o tempo pra gente esquecer deles.

As havaianas aqui estao custando £13.00. Gameboy, £35. Tem notebooks a £150, usados. To ate pensando em levar um!

Acho que vou comprar um chip de celular daqui, a'i quem quiser pode me ligar, se precisar.

Devo ficar pra sempre tambem??? Nao. Eu nao aguento os ingleses. Mas, em contrapartida, nao existem ingleses em Londres... Na real nao sei se vou aguentar 4 dias nesse lugarzim de bosta nao. Me irrita muito. As vezes da muita raiva.


COMI NO MCDONALDS E EH TUDO IGUAL SIM. AQUI OU EM QUALQUER LUGAR.

A proposito, o iraquiano foi pra Suecia hoje cedo. O frances foi la falar comigo de novo e me deu indicacao de onde ficar em Londres. So que eu nao achei! rs

Nao perca amanha: Um cara durao, enfrentando explosivos alimentos de procedencia duvidosa, que fara de tudo para encontrar um ce cedilha perdido.

10 de jun. de 2007

nááuu....bettá!! (melhor agora)

Pois é. De trás pra frente: Agora estou em uma tal de The Corner House, em Gatwick, UK. Ainda nem fui pra Londres. Sinceramente, nem tenho vontade. Só aqui está bom. Há pouco estava com um funcionario daqui que está de folga, e fala umas 15 linguas. Nenhuma muito bem, mas o suficiente pra entender. Fomos na cidade há pouco. Comi em um restaurante de um português que estou negociando o Velho Barreiro que trouxe. ele quer 20 libras, mas o tal do Frederico, frances, diz que é muito pouco. Vale £25. Comi salmão com brócoli e batatas sauté no português pela bagatela de 36 reais. Aff.

Estou dividindo quarto com um iraquiano, que mora há 25 anos no chile. Procuramos um hotel barato e cá estamos. Só que ele não fala nada de inglês. A sorte é que há um dia, exato, estoy hablando español fluentemente y puedo traducirlo todo lo que los ingléses háblan. É impressionante. Meu cérebro está pensando em espanhol. Tive uma baita dolor de cabeça por ficar pensando em várias línguas.

Passei horas conversando com uma argentina que veio ver a filha. Aliás, a filha me ensinou a usar o orelhão daqui. E, acreditem, não é nada fácil.

O vôo saiu de Madrid atrasado, claro. Mas não estou com pressa mesmo, dane-se. Depois descobri que ficamos no maior hotel da Europa essa noite, não lembro o nome. Meu quarto deveria custar 300 euros. 900 reais, sei lá. Mi desayuno was preety bueno. Mas café é um problema por aqui.

Agora aqui é meia noite e tá todo mundo dormindo há horas. A cidade é fantástica. E vazia. Os pubs aqui são como botecos. Já tomei um litro de cerveja hoje, o que significa dois copos britânicos. Os copos são imensos.

Tem sido tudo muito estranho. Não tem uma coisa que funcione normalmente. O chuveiro é diferente, a pia, privada... gasto 5 minutos aprendendo como ligar qualquer eletrodoméstico ou torneira. As árvores são diferentes. Nunca vi na vida. De repente, achei um pé de carvalho, na rua, como se fosse um ficus vagabundo qualquer. Peguei até uma folhinha.

Amanhã ao meio dia (daqui) devo sair para continuar. Não faço idéia pra onde nem como. Talvez vá a Dover, que fica a duas horas de Londres, ou a Londres mesmo. Mas como fujo de grandes cidades, ainda não sei

Estou numa das cidades mais poluídas do mundo por conta do aeroporto e ainda assim é melhor do que qualquer cidade do interior de São Paulo.

Preciso de um adaptador. Minha bateria é uma bosta e aqui é foda de achar adaptador.

Não perca amanhã: uma combinação explosiva de iraquiano e brasileiro, fazendo de tudo para conseguir comer numa cidade implacável com libras da pesada.

9 de jun. de 2007

En Madrid


Não recomendo as Aerolineas Argentinas para quem tem pressa. Como eu estou um bocado adiantado, está até bom. Estou num hotel bem bacana em Madrid aguardando para voar amanhã as 15h. O hotel é imenso, tem um zilhão de salões com obras de arte e antiguidades. Nem sombra de arroz, nem feijão. Comi queijo, aspargo frio, um pouco de macarrão al pesto, e um tomate, acho. É engraçado chegar num mega buffet e não encontrar comida comestível. Agua y vino estón en la mesa. Vinho até não aguentar mais. Tudo por conta da Aerolineas.


Ontem, depois que postei, deu rolo em Buenos Aires. saí de lá 2 da manhã, e o piloto do vôo não aparecia. Foi um absurdo. Tinham velhos, crianças, todos jogados no chão, exaustos. 1 dia inteiro sem banho, praticamente... tava uma foda. Aí depois de quase baterem em um encarregado da aerolíneas, prometeram sair com o vôo. Aí pegamos o microfone de comunicação com o salão de embarque e colocamos no meu notebook. Aí botei pra tocar Venus - Shocking Blues e o pessoal - 10% brasileiros e 90% argentinos - começou a dançar e bater palmas. Parece mentira? Nem me fale. Parece mesmo. Mas não é.


Divertido, mas cansativo.


Era pra eu ter chegado em Londres ontem as 15h. Mas quer saber? Foda-se! hihhihi


As tomadas aqui são todas fora de padrão e ninguém tem adaptador. O padrão americano não vale em lugar nenhum do mundo. Que bom!



ontem...




Aqui é onde eu tô agora. Uma cama de casal que cabe umas 5 pessoas sem se esbarrar. Esbarrando cabe mais.

Não perca amanhã, as loucas peripécias de um rapazola da pesada, enfrentando uma imigração implacável, que faz justiça a qualquer custo. E, se tudo correr bem, aprontando altas confusões em Londres.

8 de jun. de 2007

Quizás, quizás, quizás

Que beleza. Cheguei em Cumbica eram 5 e pouco da manhã, pra fazer check-in pras 7:30. Por conta de neblina em Buenos Aires, o vôo só saiu depois das 15h da tarde. Ainda estou no aeroporto de Buenos Aires esperando. Teoricamente o vôo sai pra Madrid à meia noite, mas sabe lá. Tá tudo atrasado. Foda.



Mas foi divertido. Passei boa parte do dia conversando com meu pai e me alimentando de coisas horrorosas. Serviram um picolé de picanha no avião que está conversando comigo até agora.





Pelo menos aqui no aeroporto deram um bifão com verduras e refri de pomelo. Já estou com saudade de arroz com feijão.






Esse em cima foi meu grude argentino.


Aqui é onde eu tô. Reparem no frenesi.


Aí sou eu depois de mais de um dia sem dormir.

Bom, beijo.

Amanhã, não percam um maluco aprontando as maiores confusões em Madrid!!





7 de jun. de 2007

Malas prontas

Quando eu era criança, minha vó tinha na sala um bauzão bem velho. A casa inteira era muito velha, mas aquele baú tinha algo de mais interessante que o resto. Primeiro porque eu cabia dentro, era um excelente brinquedo. Mas além disso eu nunca teria muita oportunidade de ver um baú de verdade, desses de transportar coisas, não fosse o dela. Ficava num canto da sala, com coisas em cima, servindo como suporte de badulaques.
Às vezes, a gente brincava de viagem. Minha vó tinha uns slides 3d, tipo view-master, de alguma viagem que ela fez pros EUA nos anos 60, suponho. E eu olhava essas coisas e me dava vontade de viajar mesmo. Aí ela pegava algumas peças de roupa minhas, um travesseiro, uns brinquedos, e brincava comigo de fazer as malas. A gente passava várias horas infantis brincando de mala. Ela me dizia o que eu ia precisar, e eu ia pegando coisas. A bosta era arrumar tudo depois.

Hoje lembrei disso. Nunca faço malas de viagem. Nem tenho uma mala. Faço mochilas. Para qualquer lugar, o velho mochilão companheiro nas costas.

O vôo sai de madrugada. Provavelmente vai atrasar várias horas, principalmente na escala pra Buenos Aires. Tem neve na pista e não dá aterrisar durante a manhã, parece.

22 de mai. de 2007

Opressão contra estudantes

Eles estão ali, preparados, com máquinas fotográficas posicionadas, só esperando a polícia encher a turma de borrachada e bombas de efeito moral. Daí eles voltam pros deptos, revelam as fotos em preto e branco, bem grandonas, e colocam nas paredes. Aí eles podem falar de boca cheia: "Viu?! A repressão ainda existe!!! A gente ainda vive na mesma época que nossos pais."

Se levassem eles para o prédio do DOPES, eles com certeza iriam ao deleite.

O que eles estão fazendo lá? Estágio pra político. Todos os que estão hoje no poder já passaram por essa fase de lutar por causas quaisquer, pelo simples prazer de aprender a fazer uma assembléia, escrever uma ata, fumar um baseado com os companheiros e tomar umas borrachadas.

26 de mar. de 2007

O peixe.

O peixe.
Ele tinha uma vida feliz, peixe.
Aí um maremoto veio, arrastou tudo, deixou o coitado sem as barbataninhas, caiu até um olho dele, ele tentou nadar de volta, mas tava todo perdido e não venceu a força da correnteza, ele foi encontrado num canto chato e sombrio do mar, foi tudo isso sim, peixe.
Triste peixe.

22 de mar. de 2007

Quatro mil e tantas pessoas morreram com o avião que bateu no WTC. O mundo se mobiliza. Mas ninguém pensa nas tantas pessoas que trabalham como ascensoristas de elevador, que passam todo o período importante do dia num lugar do tamanho do box do meu banheiro. Acho que prefiro morrer do que deixar de viver.