28 de jul. de 2009

Sem fretado?

Fiquei um pouco emputecido com essa proibição dos ônibus fretados numa determinada área da cidade. Não entendi qual foi a do Kassab. Ainda que polêmicas, as soluções adotadas pelo pessoal da gestão dele geralmente demonstram bons resultados, mas dessa vez achei que foi mal calculado.

Aí acordei hoje ouvindo uma rádio de notícias, que estava falando da situação do trânsito. As vias estavam bem menos congestionadas do que habitualmente, e diziam ter relação com a proibição dos fretados, e eu achei isso curioso. Quer dizer, é óbvio que as vias ficam livres se ninguém estiver circulando por elas. Só que, enquanto isso, o pessoal tá lá se espremendo no metrô.

Segundo essa notícia traz como título, "Restrição a fretados leva 6,3 mil pessoas a mais ao metrô".

Segundo outras fontes na internet, o metrô transporta diariamente 3 milhões de passageiros. Vamos melhorar isso então, com suposições grosseiras. Vou dividir isso em dois períodos do dia. 1,5 mi por período; Imaginando que 50% dessa quantidade se concentra em cada horário de pico - a hora em que o pessoal desce do fretado, vamos falar em 750 mil pessoas na hora do fervo.

Bom... 6 mil pessoas a mais no metrô, em 750 mil, não é mesmo uma quantidade muito significativa. Representa menos de 1%. Além disso, em um trem cabem em média 1200 pessoas. Com umas 5 viagens a mais, o problema está resolvido.

Agora, pensando em ônibus fretado, onde cada um carrega uns 40 passageiros, são mais de 150 ônibus circulando na cidade. Um ônibus tem 14 mais ou menos 14 metros. Enfileirados, mais de 2km de pista ocupada. Considerando a lentidão dos veículos, a folga dos motoristas e a enervante série de paradas de cada um, em lugares de grande circulação... a coisa começa a fazer sentido.

Mas não é confortável pras pessoas que estavam acostumadas com o fretado. E essas pessoas certamente vão pegar o carro e fazer a cidade ficar uma caca mesmo assim. Mas o cara que trabalha na Paulista vai ter que optar entre aquela nota preta de estacionamento e tudo mais - ou pagar 5,60 de metrô todo dia. Seja lá qual o esforço que isso demanda, o problema do trânsito requer solução acima de qualquer outro. Enquanto acharem que faz sentido trabalhar na Faria Lima, Berrini ou na Paulista, todo mundo no mesmo lugar, entrando na mesma hora, almoçando na mesma hora, nada vai ser solução.

São Paulo está longe de ser uma cidade confortável para se viver. Mas o paulistano, cheio de truques, inventa um jeito de tentar viver confortável. Um bom carro com um bom som, às vezes um livro, é suficiente pra aguentar confortavelmente duas horas parado no trânsito. Um ar condicionado também resolve o problema de usar um paletó no verão e ficar completamente encharcado e fedido. Uma academia num prédio de escritórios também faz com que as pessoas esperem o horário do rodízio. Talvez seja uma boa, pra começar a resolver alguns pontos, que esse engôdo em forma de conforto diminua, e que as pessoas comecem a se incomodar um pouco com a situação da cidade.

23 de jul. de 2009

Aí o tal do fulano que trabalhava desde a década passada num banco tomou uma cerveja e voltando pra casa a polícia parou. E aí ele ficou nervoso porque sabia do risco, e não foi exatamente cooperativo. A polícia encanou com ele, obrigou a fazer o bafômetro, acabou fazendo e pegou uma cana. Não chegou a passar da cadeia da delegacia porque não tinha espaço em presídio pra um caso tão besta como esse. Ainda réu primário... Mas, pelo ocorrido, perdeu o trabalho. E não conseguiu outro. O cara, coitado, trabalhou a vida inteira dando manutenção em caixa eletrônico. E de um, específico. Tirando isso, com que mais ele se diferenciava no mercado? Mas o mundo corporativo não tolera pessoas com antecedentes criminais. A vida pública, menos ainda. Resumidamente, isso lhe custou a vida. Não foi o preço da morte, claro. Mas foi o preço da vida.

Outro fumou um cigarro em um lugar fechado - dentro de uma loja. O zé polícia tava lá e repreendeu. O Outro não gostou de ser repreendido, achou um insulto. Multa. Custava o que ele precisava pra pagar a dívida do carro. Não pagou, pagou o carro. Tempos depois levaram o carro dele embora, e depois de 5 anos ele não conseguiu comprar outro. Ou não... Poderia ter custado mais... poderia ser uma cana... poderia ter perdido a vida inteira pela frente também.

Eu conheço pessoas que pegaram uma cana. Por bobagem, todas elas. Todas se ferram por isso até hoje, de um jeito ou de outro.

Reserve.

Cada dia pode-se fazer menos coisa. Hoje, vc não pode fumar em lugar fechado. Agora, vc não pode ter relações com uma pessoa menor de idade (mesmo se for seu namorado ou namorada). Depois, não pode isso. Não pode aquilo. Tem lugar que se seu filho de 17 anos estiver na rua depois das dez, e tomar uma surra, vc é preso por não ter botado ele pra dentro antes das 10. Mas que faça isso sem violência, porque se levantar o tom de voz pra ele e ele se sentir injuriado, e sua vizinha assistir à cena e ligar pra políca, vc pode também levar outra cana.

O mundo atual é feito de um mundo arrependido. Está na cara das pessoas a vergonha do passado. O Vinícius de morais se apresentava em programa infantil tomando um copo de uísque. Um episódio inteiro dos trapalhões, do começo dos anos 80, não poderia passar jamais na tv hoje sem uma edição absurda, cortando trechos do Mussum cachaceiro sendo chamado de urubu pelo Didi.

E a solução desse mundo arrependido é transformar o antiético em criminoso. Se não é ético, não é legal. Crime. Cana. Uma cana que custa bem caro.

Mas, como as coisas são ditas em prol "do bem estar social", então pode. Claro. Morrer é errado. Ameaçar a vida é errado. Viver é certo. Matar é tão errado que tem gente que considera a idéia de transformar o ser humano em um animal herbívoro.

Volta.

Cada vacilo pode custar uma cana. Isso significa que cada vacilo pode custar a vida. O Brasil não precisa de pena de morte porque praticamente já condena pra algo pior que isso todos aqueles que são condenados, naturalmente.

O erro desses babaquinhas estudantes piqueteiros é achar que a polícia reprime pelo uso da força. E aí fazem esse teatrinho ridículo que prejudica todos os peruanos intercambistas da USP. E não conseguem perceber uma coisa tão clara - que hoje, eletronicamente, podem te declarar como morto. Basta você ter um apontamento contra você, em um banco de dados qualquer, que já é o suficiente pra sua vida virar uma merda.

Sabe qual é o pior? Não dá nem pra argumentar. É satânico tentar impedir as "coisas boas". Pelo menos, aqui, ninguém lê mesmo.




PS - A Pitty é hoje a roqueira mais ROOTZ do Brasil pq em uma música recente ela diz "que me acha foda". Mas que bando de babaca é essa gentinha de hoje!

PS2 - Não, eu não tenho antecedentes criminais. Nem fumo.

19 de jul. de 2009

Revelação da natureza

Hoje tive uma revelação da natureza.

Fui desligar a televisão quando vi que, próximo ao botão, estava caído um pernilongo morto. Desses maiorezinhos até. Aí achei estranho, porque eu também tinha ligado o aparelho pelo mesmo botão, algumas horas antes, e ele não estava ali. O primeiro pensamento foi "Ué, mas eu não matei esse pernilongo! Quem será que matou?"

Considerando que eu não tenho animais e que também não tinha ninguém além de mim por aqui...

A única suposição é crer que...

Pernilongos podem morrer de causas naturais


Vou relatar minha descoberta à alguma revista de entomologia...

13 de jul. de 2009

Mal sabia Andrade que ele mesmo seria a menor das vítimas de seus próprios medos. Ah, se naquela noite ele tivesse parado o caminhão...

O Mauro não foi no enterro do pai. Não se conformava. Há mais de três anos que seu velho, o tal do Andrade, estava estranho. Não conversava, não comia, não trabalhava... virou um peso morto para a família, quase que da noite para o dia. E nem se podia colocar a culpa na bebida porque ele nunca bebeu, nem mesmo em festa de ano novo. Foi assim mesmo, sem explicação.

Do que ele morreu, ninguém sabe. Foi encontrado morto afogado no rio. Deve ter pulado da ponte, oi foi empurrado, não dá pra saber mais. Mas ele já estava se matando há muito tempo. Um ano antes, vendera o caminhão à primeira oferta e deu o dinheiro pra uma igreja para a qual teria se convertido mais ou menos na mesma época, sem nem que a família soubesse.

Mauro era o único filho crescido. Deixou de fazer o curso pré-vestibular para trabalhar, evidentemente que contra sua vontade; Todos os dias percebia que seus planos eram ofuscados pelo dessabor de ter que sustentar os pais e as duas irmãs pequenas simplesmente porque aquele que deveria fazê-lo, desistiu. Além disso, cada dia o ambiente em casa era mais pesado. Já estava cansado de ouvir sua mãe dizer àquele senhor catatônico que ainda quando passava a semana fora cruzando o país, ainda era um pai e marido mais presente no lar do que agora que ficava em casa.

Ninguém nunca entendeu a decisão do Andrade de largar a estrada, o sustento, a família e supostamente, depois, a própria vida.

E ninguém nunca entendeu que o que aconteceu foi que em um momento muito rápido, escolheu que não queria perder tudo que tinha. Que queria ver seu filho entrar na faculdade, as meninas crescerem, que ainda tinha muito trabalho para fazer para que sua família tivesse tudo o que ele outrora lhes havia prometido.

E exatamente por isso, naquela noite, naquela estrada, naquela neblina, ele seguiu seu caminho após ter atropelado um homem que trocava o pneu de seu carro, no acostamento. Foi tudo muito rápido. Um farol queimado dificultou ver onde estava a faixa. Uma curva, um deslize, e uma pessoa imprudente no acostamento.

Deveria ter parado. Prestado socorro ou sabe lá o que. Depois, achou que de qualquer forma a polícia o procuraria. 30km adiante, parou em um posto e verificou que não havia nenhuma marca no caminhão, nem nada que o fizesse parecer culpado. Ninguém viu, ninguém soube dizer nada. Andrade morreu sem nem saber quem foi a vítima, e ninguém nunca o procurou.

Ele era um homem bom. Quis voltar. Por muitas vezes pensou em se entregar, mas quem é que iria sustentar seus filhos? Como seus filhos iriam pra escola quando todos lá soubessem que seu pai estava encarcerado por homicídio? Naquele momento, ele pensou que a coisa certa a fazer era cuidar de sua família. Aquilo seria o seu segredo e ninguém nunca haveria de saber.

Com o passar do tempo, os motivos que o levaram à essa opção perdiam lugar em sua mente para um conjunto muito confuso de pensamentos. A culpa, evidentemente, o medo de descobrirem - seja por uma possível investigação, seja por falar dormindo à noite - e o desgosto por dirigir o caminhão. Julgou que a melhor coisa a fazer era falar o mínimo possível, procurar salvação, tentar interferir o mínimo na vida das pessoas, para evitar lhes fazer mal.

E depois de um tempo percebeu que se ao menos fosse preso, mesmo toda a vergonha do mundo ainda seria melhor do que ver sua família se desfazer na sua frente. Não havia castigo pior do que ver seu filho se afastar de seus objetivos. Se ao menos o Andrade tivesse tido coragem de contar a eles... Se ao menos, das possíveis e únicas opções erradas que ele tivera para decidir, tivesse escolhido a outra opção errada...
Ah se, naquela noite, ele tivesse parado o caminhão.

7 de jul. de 2009

A diferença entre rei e presidente? Bom, um rei tem o enterro que um rei merece...

Gestão da gerência de gestores gerenciais

Estava falando com o gerente do local onde estava trabalhando, que não poderia ficar muito tempo porque tinha aula do mestrado e precisava ir rápido lá pra USP. Uma criatura lá no banco ouviu minha conversa e depois me cutucou e perguntou:
- Você tem aula a essa hora?
- É, os horários da USP são meio picados, até meio desrespeitoso com quem trabalha...
- Mas vc faz faculdade de que?
- Bom, é mestrado, eu já me graduei...
- Nossa, mestrado... mas você está usando o tema da sua monografia?
- Bom, na graduação lá a gente não fala monografia, fala TCC, mas meio que é sim
- Não, não da graduação... a monografia da sua pós.. vc fez pós-graduação né?
- Como assim?
- Ué, você não fez pós? Como você entrou direto no mestrado?
- Mas...
- Porque é assim: você faz o bacharelado, depois uma pós-graduação, depois mestrado ou doutorado, dependendo.

Aí eu, pasmado, disse outra bobagem:
- Eu não fiz bacharelado, eu fiz licenciatura
- Licenciatura? O que é isso? Aquela coisa de dar aula? Ah, então vc fez magistério. Então vc precisa fazer agora bacharelado em pedagogia...

- Não, eu me graduei já, você não tá entendendo. Agora eu tô no mestrado, que ISSO SIM É pós-graduação.
- Nossa.. deve ter algum erro aí.. vai se informar lá na secretaria da usp porque tem coisa errada...

A coisa errada foi o MEC dizer ao Brasil que lato sensu existe.

6 de jul. de 2009

Reflexão financeira

Não vale à pena enfrentar fila pra fazer jogo das mega-senas acumuladas, sobretudo se você não está acostumado a jogar nem nas outras. Além da probabilidade de acertar é tão infinitesimalmente pequena, não existe muita diferença entre ganhar um milhão ou 50 milhões.

2 de jul. de 2009

Acho que visito a caixa de "quarentena" do meu webmail com tanta frequência quanto a "caixa de entrada". Isso porque é comum eu receber mensagens de amigos que ainda não estão com o endereço de e-mail autorizado para a caixa de entrada. Mas a grande maioria é virus. Não é nem newsletter, nem propaganda. É virus mesmo, geralmente em anexo. Mas o que mais chama a atenção nessas mensagens é que todas, sem exceção, possuem os mais abomináveis erros de português. Já aconteceu mais de uma vez de eu achar que uma mensagem era relevante ou idônea e clicar nela, e desistir de abrir o anexo ou clicar no link simplesmente por que as aberrações ortográficas delatam sua fraude.

Exemplificando:

"Comprovante de Depósito - N° 0839238
Comprovante(s) em Anexo(s) : Depósito-0839238
O dinheiro já foi depositado em sua conta e já deve está disponivel.
Segue na mensagem o comprovante de depósito bancário com os dados e valor, desculpe o transtorno. "


outro

" NÃO COMENTE NADA COMIGUEM !!!
Olha só, vou te mostrar isso, mais nunca comente comigo e nem toque no assunto,
Se fizer isso, vou ficar com muita vergonha, por favor deiche que eu toque no assunto com você.
Essa é a verdadeira história, isso que realmente aconteceu comigo.

Infelizmente foi o que aconteceu. [57,5Kb História de minha vida] "


também

" dados inlegais em seu profille!

Ouve uma denuncia contra o seu profille alegando usar dados ilegais e sua conta será banida em 72h por motivos de irregularidade.

Você está utilizando dados não autorizados. Para que sua conta não seja excluida do sistema, Clique aqui e siga as instruções no SAC. Atenção: Seu prazo para regularização é de 72h.

Atenciosamente
Orkut.com
"



Nunca imaginei que um verificador ortográfico pudesse ser transformado em um eficiente antivirus para e-mail...

1 de jul. de 2009

Uma vez, com uns 8 ou 9 anos, tive uma idéia genial para os meus pais pararem de fumar. Escondi o maço de cigarros do meu pai atrás de um móvel, na sala. No dia seguinte estava na cozinha e ouvi eles conversando sobre cigarro. Lembro do meu pai dizer algo como "Não sei onde foi parar aquele maço que estava aberto, procurei em todo lugar. Parei na padaria e comprei outro...". Um pouco chateado, tirei os cigarros do esconderijo secreto e deixei em algum lugar que fosse discreto, porém visível. No mesmo dia, lá estavam os dois maços de cigarro abertos, em cima da mesa.

A lição foi simples: tem coisa que a gente faz que não serve pra nada.