15 de set. de 2009

O senador Eduardo Azeredo demonstra, com suas investidas relacionadas à internet, que acredita que traduzir o ético e o anti-ético para o âmbito legal pode ser uma solução eficaz para doutrinar as pessoas para que pensem e ajam corretamente. Não sendo suficiente o absurdo que envolve tais questões, ele ainda se propõe a desafiar a entidade mais democrática que já existiu na superfície do planeta, que é a internet. Uma entidade tão peculiar e tão além da sua real compreensão político-social que não é objeto de pauta frequente o fato de que ela é capaz de simplesmente omitir ou até desprover uma opinião da localização geográfica de uma fonte. Supôr que um sítio da internet que promove uma determinada idéia e que forma opiniões não precisa nem estar sitiado na superfície do planeta Terra é o suficiente para demonstrar como não existe na cabeça de tal político uma visão do mundo que cerca seu jardim. O que sugere também que suas muralhas erguidas sob os alicerces legais não pretendem proteger uma população medíocre e indefesa, e sim um calhamaço de ideais particulares antologicamente presos a um regime militar de poder quase irrelevante aos olhos do Brasil contemporâneo.

Servido de uma porcaria para comentários e consequentemente atendendo à possível demanda de um direito de resposta, cumprindo portanto as estúpidas exigências legais, esse blog expõe o meu repúdio à forma com que está sendo utilizada a legislação brasileira no sentido de coibir a manifestação da população, não só no ato de manifestar-se mas também de agir.

A crescente prática de transformar em proibido qualquer ação que não necessariamente prejudique o próximo mas que julgue o referido autor como um potencial criminoso é um grilhão transparente que amarra a população ao pé da mesa e a transforma em um animal doméstico, porém sem um dono definido.

Beba e dirija, fume no banheiro, transe com a sua filha ou com seu coroinha, compre uma lata de chicharro e faça com ela uma pizza de atum, peide silenciosamente e aponte para um cachorro. Mas respeite o próximo. Se conseguir fazer isso tudo respeitando o próximo, não será merecedor de penalidades, mas sim de louros, juntamente com muitos outros que hoje em dia se aproveitam do mesmo modelo de pensamento, mas tirando proveito de sacanagens ainda não tão dicionarizadas.

A guerra contra o terror devia começar de baixo pra cima, impedindo que tais influentes MENCIONEM usar a máquina legal como uma arma contra a população. Ninguém é obrigado a se sentir oprimido por manifestar contra ou a favor de uma pessoa, uma instituição, uma lei ou uma medida adotada. Ninguém é obrigado a acreditar nas práticas determinadas como corretas por seus governantes - isso permitiria às pessoas muitas coisas, desde abrigar um judeu foragido de um campo de concentração até recusar que uma vacina duvidosa para a cura de um suposto virus letal seja injetada em seu corpo.

Ao dizerem no senado que "caiu a censura na internet", assumiram obrigatoriamente a existência dessa censura. Algo que está muito fácil de ser percebido por aí. Algo que vai contra todos esses princípios americanóides aos quais fomos espostos nas últimas décadas, e que acabaram por transformar em nosso o tal do estúpido sonho americano, que é baseado numa tal liberdade que é feita de um pouco mais do que escolher livremente qual dos doze canais abertos da televisão sua família assistirá.