13 de jul. de 2008

O fracasso do poeta

Mas como tudo acaba em pizza,
Acendo agora essa lâmpada
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12 de jul. de 2008

Sobre internet e direitos autorais

É que hoje em dia não se considera a criatividade como um fruto dos convívios, dos meios, dos aprendizados... Apesar da ciência contestar isso, parece que a criatividade é um "dom", uma dádiva divina de um determinado indivíduo. E, por conta disso, criou-se sabe-se lá quando, o tal do direito autoral, e algum tempo depois, o fizeram um objeto respaldado por proteções legais. Talvez, se o conceito de "tudo se transforma" tivesse alguma voz, poderia dizer que na verdade aquela criatividade que merece todo o respeito e admiração nada mais é do que um ângulo de se enxergar um mundo ou uma realidade. Um ângulo que talvez, inclusive, seja o mesmo pelo qual muitas outras pessoas tenham, mas que deverá pertencer àquele primeiro que concebeu a idéia em forma de... arte...(penso tanto para dizer essa palavra hoje em dia...)

E a prova disso possa estar no próprio consumo (no sentido de apreço) das produções, que talvez não sejam por outro motivo senão pela identificação com a temática, a estética, o simbolismo ou um grande conjunto de coisas.

E hoje em dia, o grande avanço das tecnologias e a criação de uma "identidade virtual" das pessoas, dos grupos sociais e também das mercadorias, apareceram também contradições com velhos paradigmas que, até ontem, atendiam certos paradigmas que desapareceram subitamente, sem aviso prévio, e pior ainda, obedecendo a um regime meio "darwinístico", de "seleção natural", que não dá margem para o conservacionismo. Um exemplo disso claro, ao meu ver, é a idéia do CD de música. É impossível negar a crise mundial do mercado fonográfico por conta da "pirataria" e da distribuição livre ou independente. Mas pouca gente traça uma relação clara entre o CD, as músicas, os artistas e os consumidores. O mercado fonográfico foi calcado numa época em que a relação entre a informação musical e o veículo físico tinham uma ligação muito forte, quando não se copiavam vinis exceto no próprio fabricante, onde qualquer cópia que não viesse de uma cópia matriz seria de péssima qualidade (e onde também no cinema não se expediam cópias além das que eram reproduzidas por emissoras e salas de cinema). Isso "acostumou" o mercado, criou profissões, desenvolveu negócios. Negócios que hoje são, ao meu ver, muito mais voltados a atender demandas de consumo de uma estética que se relaciona menos com arte do que com mercado.

É que, até temos atrás, ninguém pensava que a música era a música, e o disco era o disco. Era uma coisa só, e tanto é que aproveitavam o disco como recurso. Era o álbum: uma obra única, com músicas que se relacionavam dentro de uma temática, e que essa relação era espelhada também no material gráfico, de um objeto com mais de 30 centímetros de cada lado. O CD matou as possibilidades de exploração dessa arte gráfica, e da consolidação do álbum como uma obra de arte como um todo, e ninguém, ou pouca gente, reclamou. Agora é que me ocorre que nunca ouvi falar de reclamações pela cópia indiscriminada das capas dos discos. Coitado dos artistas gráficos que vivem das capas, então - Storm Thorgerson, por exemplo.

Agora, sem mais blá-blá-blás, talvez o que eu esteja querendo dizer é que, embora não se pense a respeito, o "direito autoral" como idéia, pode estar em decadência. Pode ser que esse conceito não sirva mais. Pode ser que as pessoas não queiram mais ele. E que talvez, isso possa trazer bons frutos até, desde que trabalhado, e não negado. Se há punição para a violação do mesmo é porque a alguém faz mal, mas não necessariamente esse alguém é outro senão o que está mal acostumado a viver disso, e se procurarmos bem, acharemos poucos em percentual, e quase nenhum se identifica por um CPF, e sim por CNPJs.

E, partindo do meu pressuposto, pode-se inferir que não há nada a se fazer a respeito, e que qualquer autuação sobre um indivíduo que se encontra irregular perante à lei não leva em consideração que ele está plenamente regular às tendencias NATURAIS das relações sociais humanas e, quiçá, nesse caso, das naturais mesmo, uma vez que não há onda no mar, estrela no céu ou galho na árvore que cobre patente por sua beleza ou autenticidade e que nem o homem na antiguidade, assinava sua arte, porque sabia que sua capacidade de expressão não era "dele", e sim de todo um contexto no qual ele simplesmente fazia parte. E que o cara que um dia sonhou ser cantor, artista ou dançarino e lutou por isso não o fez senão por amor e, dos que eu conheço, todos ainda se encantam pelo prazer de fazer arte independente de dinheiro, embora a grande maioria reclame de não poder subsidiar-se desta arte (talvez um vício em achar que a arte pode ser um meio confiável de se financiar a vida, por questões históricas e pelo inefável problema de ao dedicar-se verdadeiramente a ela não se conseguir ter tempo hábil para muito mais coisa).

E que essa situação atual pode ser uma grande chance de revermos pontos importantes da estrutura social e inclusive da igualdade entre as pessoas, e da livre manifestação. Que a patente e o direito autoral só beneficiam os monopólios. Mas, mais importante que isso e, por favor, LEIA ISSO COM ATENÇÃO, ainda assim as grandes enterprises e corporations da mídia e seus CEO's, CTO's e todos os homens-sigla podem continuar tendo seus merecidos milhões, desde que agindo conforme às tendências, e estes mesmos sabem muito bem disso e talvez os regimentadores de leis deveriam saber também. Que um grande filme-animação da Pixar, por exemplo, merece ser assistido no cinema, e a maioria o faz, por uma questão muito simples chamada merecimento. E que certas bandas como O Teatro Mágico carregam um público gigante simplesmente porque as pessoas gostam, e compram direto da mão deles os CDs e as camisetas, e pagam os shows, e tudo mais. E que fazer por merecer, hoje em dia, é a grande diferença. A imitação, a cópia ou a réplica de coisas triviais e medianas são verossímeis, consumíveis (no sentido de arte e também de mercadoria) e aceitáveis, mas dos poucos que são inigualáveis, incomparáveis, perpétuos, qualquer cópia ou imitação é objeto de chacota pela grande maioria. Isso vale para uma escultura de Rodin, um desenho de Escher, um aplicativo da Google ou uma música do Michael Jackson.