22 de nov. de 2010

Quanto é um mais um?

Treze. Ou sete e meio. Ou uma dízima periódica bem maluca. Pode ser também uma representação numérica do dia e hora do nascimento do seu cachorro e também muitas outras coisas...  mas "dois" é que não é. Com tantos números possíveis de se inventar, por que haveria de ser essa a resposta certa?

Pode parecer bastante besta falar isso. Todo mundo sabe quanto é um mais um, é óbvio isso. Duvido, aliás, que alguém venha a se lembrar em que momento de sua vida aprendeu tal coisa. É exatamente essa a questão: não faz sentido nenhum supor que alguém faria essa pergunta porque desconhece a resposta; do mesmo modo, é até ofensivo imaginar essa pergunta sendo feita na tentativa de testar o conhecimento de alguém. Se alguma vez lhe fizerem essa pergunta, provavelmente estarão querendo saber algo muito mais profundo sobre você. A pessoa jogou uma bola no seu peito pra ver do que você é capaz. É uma das raras oportunidades na vida para se demonstrar genuinamente a sua capacidade criatíva e de manifestar-se pela mais pura poesia. É praticamente um manifesto para que se faça, naquele exato momento, arte. Às vezes vale à pena estar matematicamente incorreto, porque outras coisas também exigem corretude, e nesse caso em especial, acertar na aritmética significa cometer sérias infrações em outras coisas importantes como retórica, poesia, teatro, literatura, comunicação e muitas outras. Pessoalmente, eu tenho achado hoje em dia que "treze" é uma resposta muito boa; imprecisa, mas bastante coerente.

E pra você, quanto é um mais um?

30 de set. de 2010

"A solução para o Brasil está em educação, portanto vou investir tantos milhões na educação"

"O problema do Brasil é falta de segurança, há de se investir em segurança"

"A solução do Brasil é investir em saúde para a população"


Para tudo a solução é uma só: gastar dinheiro. Tão mais fácil...

26 de set. de 2010

Ovos

É difícil ouvir falar sobre os ovos. Tirando em abordagens mais específicas como na biologia ou na simbologia, eles são claramente colocados em segundo plano. Estou falando de ovo de galinha mesmo, no sentido popular, cotidiano e comestível da palavra: se para a galinha aquilo tem alguma conotação sexual, para mim não é e não deve ser algo além de uma coisa que se come.

Come-se de uma infinidade de maneiras: mexidos, fritos com gema estourada, fritos com gema inteira, mole, duro, cozido, cru, pochê, ovo quente, omelete, gemada e mais o que a imaginação mandar.

Aí eu tava aqui na sala comendo um ovo cozido e pensando... caralho... é bom, né... e fácil... cozinha na água, joga um sal e foi...
Quem será que foi o primeiro cara a comer um ovo cozido? Ele pegou um ovo e resolveu jogar na água quente pra ver como ficava depois. Ele sabia que aquele treco era comestível e resolveu trabalhar a coisa. Não sabia, na hora em que jogou ele na água, se iria explodir, continuar molenga ou o que. Tentou quebrar e viu que não saía nenhuma clara babenta. Descascou e viu uma bola branca, branca de verdade, quase que uma referência absoluta para a cor branca, sobretudo para sua época. Certamente não jogou sal e o comeu, logo na primeira tentativa. Deve ter cozido alguns e testado várias coisas com ele. Cortou, picou, ofereceu pro cachorro comer, botou açúcar, leite, deve ter feito o diabo com aquela coisa esquisita. E era só um ovo.

16 de ago. de 2010

Focinho de porco

Uma vez provado que não é tomada, poderiamos parar de tentar ligar o microondas, o aspirador e o internet banking nele?

28 de jul. de 2010

E viva a vida adulta. Comemoremos a aquisição do auto-conhecimento, da auto-reflexão, da capacidade de tomar decisões com a confiança de que nosso conhecimento é sempre suficiente para que o façamos com segurança; além do universo conhecido resta apenas o improvável. Celebremos também a superação da infância no aspecto físico, desde a simples capacidade de se poder ver o que há por cima da mesa da sala até o uso indiscriminado e irresponsável do próprio corpo na busca de produzir tanta endorfina quanto possível, o mais lícito dos vícios. E viva então os vícios, as dependências - e viva a independência, que permite ao homem ser dependente do que quiser, ainda que geralmente não se queira. É hora de ter orgulho por ter maturidade suficiente para saber orgulhar-se. Olhando para frente há todo um indefinido resto de vida a se viver, e o passado... é o que passou.
Mas o que passou eu não sei. Quer dizer, não sei mais tão bem. A maioria das lembranças lentamente vão se desprendendo do emocional e passam a virar apenas espectros, impressões mentais, fotografias de algo que aconteceu - já poderia ter sido com qualquer outra pessoa e já não faria mais diferença.

Aborrece... como é possível que o torpor da plenitude de ser adulto apague da memória todo o caminho pelo qual o momento presente foi conduzido... justamente por onde o tempo presente se justifica? Mas é. E de um momento para outro aquele neurônio que era responsável por te transformar no campeão do bafo agora é o cara que te faz trocar as marchas; aquela memória da barraca de camping montada no quarto da lavanderia foi sobregravada por aquela cena de atropelamento na frente do bar... tal qual se fazia com uma fita cassete velha.
Às vezes me pego encarando alguma daquelas coisas que estão comigo desde sempre, dessas que a gente não tem coragem de jogar fora, e lembro de histórias relacionadas, mas que parecem tão verídicas quanto os sonhos loucos das noites febris.

E não sei mais se a nostalgia é a vontade de querer viver o que já passou

Ou de querer que essas vagas lembranças simplesmente pareçam ter alguma relação com a realidade atual.


Porque tudo ficou distante, vago?


29 de jun. de 2010

Glutamato Monossódico

Essa coisa de comidinha feita em casa, preparada com carinho... é puro saudosismo. Estamos em 2010 e podemos ir em um supermercado e comprar uma embalagem de alimento congelado ainda mais deliciosa do que a comidinha caseira ou de metade dos restaurantes da cidade. Um grupo grande de pessoas capacitadas gasta tempo e dinheiro em um único menu por vez, buscando uma maneira de nos convencer a direcionar o dinheiro da feira,do açougue e do restaurante para o bolso deles. E depois de uma série de testes e pesquisas de opinião, encontramos mais um apetitoso item nos refrigeradores do mercado da esquina, unindo-se finalmente à crescente variedade de opções disponíveis. O que já era mais prático agora também é mais barato do que o convencional. E, surpreendentemente, mais gostoso e saudável. Penne com brócoli e peito de peru, lasanha de frango desfiado, sopa de legumes, frango xadrez e mais uma dúzia de opções, sem falar nos cardápios alternativos para vegetarianos e outras anomalias gastronômicas.

Mas e aquele temperinho especial? Bom, todo mundo hoje em dia já sabe o que é. É glutamato monossódico. Ele realça o sabor dos alimentos. Não salga nem apimenta. Ele só potencializa o gosto que já existe no alimento. Esse é o trunfo do congelado. Põe ele. Põe um monte, quanto mais melhor.

E o mundo é diariamente desmistificado pela química. Aquele monte de emoções dignas de oscar é paulatinamente reconhecido como sendo resultante da  ingestão de um sal ou um açúcar, ou pela síntese biológica de morfina ou qualquer outro neurotransmissor. É triste. Mas essa tristeza também é meramente química e certamente há alguma injeção que te faça encarar isso de modo diferente.

E assim segue a vida, sendo que o que adoça a boca é o que amarga a alma. Mas ainda podemos tirar proveito do glutamato. Os japoneses dizem que ele tem como propriedade um novo gosto a ser saboreado, juntamente com o azedo, o amargo, o doce e o salgado. O nome dado por eles, umami, traduz-se por algo como "gosto-de-quero-mais". Nomenclatura perfeita. O nosso "querer sempre mais" é exatamente o que nos permite sentir apetite pela vida e ao mesmo tempo nos faz enfiar a cabeça no refrigerador procurando uma embalagem com a  foto de uma lasanha hipoteticamente perfeita e ideal.

23 de jun. de 2010

Chega a hora de regressar
Tudo é temporário
E, nesse caso, esse regresso tambem será.

22 de jun. de 2010

´Pelo que eu ouvi dessa geração colorida, do Restart, eles fazem Fresno e NX Zero parecerem Dostoievski´ (PRETO, 2010)


refs:
PRETO, Dinho Ouro, Virgula Musica, UOL
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/musica/2010/06/22/252174-dinho-ouro-preto-restart-faz-nx-zero-e-fresno-parecerem-dostoievski - acesso em 23/06/2010

Rollback transaction

Rumando para Madrid novamente
Com um bouzouki na mao
Nem vou pensar a respeito do regresso senao fico chateado.

19 de jun. de 2010

Mundo Abisal

Jorge Drexler

Ella entra, cierra la puerta tras de sí
y cruza el cuarto en diagonal,
parten dos escafandristas, en la penumbra,
rumbo al mundo abisal.
La piel florece, fosforece,
va dejando una estela de aurora boreal,
todo pasa muy lentamente en el mundo abisal.

Inmersión, inmersión,
cerremos las compuertas,
aventurémonos hacia las inciertas profundidades,
Inmersión, inmersión,
vayamos verticalmente a la deriva
dejando que el vértigo nos acaricie,
viendo alejarse allá arriba la superficie.
Inmersión, inmersión
bajar y bajar hacia las alturas
donde apenas dura la luz del día
donde reina una oscura sensación de algarabía,
las ganas tuyas, las ganas mías
la daga fría apretada entre los dientes,
la draga clarividente de la melancolía.

Extrañas criaturas resplandecientes,
tan lejos de lo común y lo corriente,
muestran los dientes en el mundo abisal.

Ella entra cierra la puerta tras de sí
y cruza el cuarto en diagonal
parten dos escafandristas en la penumbra
rumbo al mundo abisal…

18 de jun. de 2010

Hoje me senti praticamente um grego.
Passou um cachorro por mim e eu estava sozinho na rua
Aih eu resolvi testar meu grego e chamei o cachorro: "Σκυλο! Ελα! Ελα!"
Ele me ignorou completamente - da mesma maneira que me ignoraria se eu fosse um grego genuino.


Hoje aluguei uma quadrimoto e fui conhecer a ilha. depois de 2 horas pilotando, ja tinha visto tudo
Realmente nao tem nada pra se fazer aqui. As vezes isso eh bom, as vezes eh ruim
Pelo menos aqui tah tranquilo. Do outro lado do atico o pau tah comendo...

17 de jun. de 2010

Pesado...

As coisas aqui realmente nao tao faceis
Hoje teve greve de metro e de onibus. Decidi sair para uma ilha e vim para Aegina, uma ilha meio perto de athenas. Nao tem ninguem aqui. Parece que eu sou o unico turista na ilha toda. Nao tem um brasileiro ou latino por perto... eh bem diferente do que eu esperava
Mas em Athenas nao daria pra ficar hoje. A falta de metro e onibus inviabiliza qualquer coisa.
Eh meio triste, as coisas (tipo mercado, farmacia) estao abertas ateh agora e ja eh quase 10 da noite. Como se para sustentar algo que nao apareceu. A hospedagem aqui eh ridicula de barata pelo que me oferecem.

Se tem uma coisa que para o Brasil eh uma greve. E se tem uma coisa que para qualquer coisa, eh futebol. Aqui o mundo tah acabando e foda-se o futebol. Na hora do jogo tinham algumas pessoas dando uma bisbilhotada na teve. Quando a grecia fez o segundo gol, ouvi palminhas.

Todo mundo me pergunta como eh o Brasil e se dah pra ganhar algum dinheiro por lah, coisas assim. Eu digo o mesmo, que falta gente boa pra fazer as coisas. Nosso problema eh mao de obra desqualificada, cheia de diplomas e pouca competencia. Eles acham estranho. Certas coisas nao se explicam.


Sei lah viu... bem diferente tudo...

O importante eh pedir mais uma cerveja. hohohoh

16 de jun. de 2010

Καλαμποκι, ο Γαλβανος!!!

Como contribuicao ao movimento de limpeza de poluicao midiatica no Brasil, resolvi participar da campanha 'Cala boca, Galvao'. Soh que aqui, se vc fala calaboca parece que tah pedindo milhos verdes.

Entao, segue a variacao:






Kalaboki, o Galvanos!!!!

Μπομπ!!

Greve no metro. Baguncou bastante o coreto.

15 de jun. de 2010

Εσυ δεν σ'αγαπω!!

Uma garotinha grega de uns 5 anos de idade olhou pra mim e disse

"
Eu nao gosto de voce.
Nao gosto da sua cara.
Nem do seu cabelo.
Nem dos seus sapatos

Nem da sua roupa
Nao gosto de nada em voce!!
"

Foi um pouco triste sim.

Manda noticias, cacete!

Eh, tenho ouvido isso mesmo.

Internet aqui eh raro, caro e dificil, sei la porque

Eu estou em Athenas me virando. Nao estou passando nenhum tipo de necessidade. Roupa lavada, comida boa, metro facil, onibus rapido...
O Rafael tinha razao, eh igual Sao Paulo isso aqui. Com a diferenca que as pessoas dirigem como se fosse com os pes. Eh engracadissimo ver como o transito funciona melhor que em Sao Paulo, embora tambem seja caotico, com as pessoas fazendo tanta barbeiragem. Elas estacionam o carro do jeito que der, com uma roda na calcada e a outra dentro de um bueiro, ou as vezes simplesmente param o carro no meio da rua e vao fazer qualquer coisa.

O hostel tem um chileno e um italiano que fala espanhol, entao tenho tido alguma comunicacao mais fluente e companhia pra beber tambem. Fomos ateh uma praia a mais ou menos duas horas de atenas no fim de semana e foi bem divertido

Tem bastante foto, ateh lotou minha maquina jah. E tah dificil de descarregar...

Meu cartao de debito funciona aqui pra uso e pra saque, de forma que as coisas estao bem faceis.

Basicamente eh isso. Tah realmente bem divertido. Isso aqui eh bem diferente do que eu imaginava, mas nao quer dizer que eu nao esteja aproveitando muito bem. Talvez eu leve um bouzouki  (hohoho) - ou uma guitarra espanhola (hohohohoho).

10 de jun. de 2010

Sem palavras

Toda epifania tem uma parte inefável. Essa é a liçao aprendida hoje.

Nao faz sentido uma pessoa graduar-se em uma faculdade de artes sem nunca ter conhecido Barcelona. Deveria ser proibido uma coisa dessas.

Amar la trama

Show do Drexler foi bom sim? foi! eba.
Teclado em català... bizarro...
paquistaneses traficam latinhas de cerveja a noite como se fosse droga
falando em droga, aqui vc pode portar até 3g de coca, 3 balas de ecstasy e uma paranga pequena de maconha
mais que isso, vai preso
tambem pode ter até 4 pés de maconha plantados em casa. mais que isso, xadrezinho tb
tambem pode andar pelado, mas nao pode andar descalço. entao, se for andar pelado, tem que ser com sapato.
ficar aqui menos de 1 semana eh sair com a frustracao de nao ter aproveitado o mínimo. se o valor extra a se pagar nao fosse tao alto, mudaria minha passagem pra ficar mais um ou dois dias

Hoje talvez tenha pub crawl, mas tem que ver pq a cidade eh bem carinha. to com fome e preciso comer alguma coisa que se pareça com um almoço, ou que eu consiga pronunciar direito pro cara do balcao. na pior das hipoteses, burguer king mesmo
a merda eh que ta chovendo aqui desde ontem. trouxe a chuva comigo, e segundo a previsao o tempo limpa amanha. vai ser cagado assim na catalunya, viu...
depois posto fotos

8 de jun. de 2010

em barcelona

sem acentos e com muita dificuldade de achar o interrogacao
e um hostel tb... tah dificil de achar
cheguei aqui agora, quase 11 da noite, e ainda nao tenho onde ficar
eh mto bom saber que aqui a gente pode dormir na rua que menos gente vai tentar roubar a gente
haha
eh brincadeira
merda
fodeu
to procurando lugar pra ficar, depois posto alguma coisa decente
ontem, pub crawl respeitavel em Madrid.

7 de jun. de 2010

En Madrid otra vez

Finalmente cheguei. Quero tomar cerveja e comer jamón até o fim do dia aqui.
Peguei um aviao cheio de chinês, tive quase que mostrar a cueca pro cara da imigracao e estou desde as 8 da manha rodando a cidade. Desci na Plaza del Sol e andei até agora. Sem querer, acho que acabei vendo a maioria dos monumentos importantes da cidade - nao é possível que tenha mais ainda! aff!

A mochila que o Dionysio me deu é bem prática e dá pra rodar alguns kilometros antes das minhas costas pedirem arrego. Mesmo assim já deu... agora ou eu alugo um carro e vou pra Valencia ou fico uma noite aqui. ainda to meio indeciso. Por mim eu ficaria andando na cidade mais o dia todo, isso aqui é um absurdo.

O carro tá meio caro, acho q vou de buzuca mesmo.

25 de mai. de 2010

XVIIIa. GREVE ANUAL DOS FUNCIONÁRIOS DA USP !!!

O MAIS ESPERADO EVENTO USPIANO ESTÁ DE VOLTA!!!
INVASÃO DA REITORIA 2010!!

A festa mais esperada da USP vai bombar esse ano!!
DJ - Churrasco com linguiça - Trio elétrico - Capoeira -FlashMob -Bomba de gás - Maracatu

E muito mais!!!



Calouros, o sindicato conta com vocês para serem novamente escudos humanos!!

Você, estudante de primeiro ano, que quer lutar por alguma coisa mas não sabe o que, junte-se à nossa causa; Use a sua necessidade de viver apaixonadamente para lutar por coisas pelo seu país, mesmo que você ainda não tenha tido experiência suficiente para conseguir avaliar se está ou não se metendo em uma barbada.
Vamos relembrar aqueles que lutaram por algo de verdade na época da ditadura! Vista sua camiseta do Che Guevara e junte-se a nós!




Leia também, pra ver como não é de agora - exato 1 ano atrás:
http://arthurtofani.blogspot.com/2009/05/xviia-greve-anual-dos-funcionarios-da.html

26 de abr. de 2010

http://www2.uol.com.br/vyaestelar/cyberbullying.htm

novamente, capa de portal.

O fato dessa coisa ter ganho um substantivo e ainda mais em inglês me serve como indício de que o assunto está na moda não porque de repente alguma coisa horrenda aconteceu ou porque esse tipo de coisa ficou insustentável; Mas alguns psicólogos (pseudocientistas, portanto) precisam desenvolver estudos, e há um nicho ali. Em outra parte do mundo, jornalistas precisam de pauta, e há um estudo acolá. Publicou, outro publica também. aí vai mais um e "aprofunda". De repente, as escolas estão tomando medidas, a assembléia legislativa está se encarregando de criar mais alguns artifícios para engessar a alma das pessoas e logo mais a gente pode ver na televisão a justiça sendo feita, alguém pagando por seus deslizes. E o bom-senso cada vez menos precisa ser utilizado, já que ele é atropelado pela justiça implacável que está sempre a par de todos os assuntos da modinha, graças aos ávidos jornalistas que não descansarão enquanto não vivermos em um mundo maravilhoso e correto.

14 de abr. de 2010

O primeiro passo é dar um nome

http://estilo.uol.com.br/comportamento/ultnot/2010/04/14/bullying-e-um-problema-grave-e-merece-atencao.jhtm

Como tentar fazer o mundo ser politicamente correto levado ao extremo. Pior que isso, mais um argumento a ser considerado repudiável, futuramente criminoso. As crianças não deverão então experimentar outras duas importantes posturas sociais: a de imposição e a de submissão. Embora isso esteja amalgamado em nossos genes tal qual a violência, o medo e o humor, ela deve ser experimentada de outra forma, hoje em dia. A sociedade é quem definirá as relações de imposição e submissão: todos serão macho-alfa, todas serão as gostosas, todos serão igualmente burros e inteligentes, igualmente negros e brancos, independente da cor.

O respeito não deve ser venerado: ele será imposto. Em poucos anos, certas gerações não saberão mais como eram as relações sociais de antigamente, evitando assim a repetição de problemas. Ninguém imaginará a cor amarela se nunca a tiver visto anteriormente. Aquele transgressor, o que agir pelo instinto, esse sim é o transgressor, e merece punição. Afinal de contas, sempre haverá o mocinho e o bandido, por mais que todas as pessoas sejam iguais. Ser humano significa cada vez mais não ser animal e não existe um só canto do mundo onde as criaturas humanóides que não concordam com essas regras possam existir. O território é do homem humano. Se quiser viver deverá ser sob tais leis, e se não quiser, não há outra opção.

8 de mar. de 2010

"It's like a lamp. Suddenly, you're turned off". That's what my grandfather said me last week, after recovering from a heart attack - the first one of many others which resulted in a painfull restlessness of all my family for the past entire week, until last friday when he finally passed out. 82 years old.

Few months ago he told me that this year he and my grandmother would celebrate 60 years married, the diamond wedding anniversary. Even though my grandmother seems a bit uncomfortable with that demonstration of advanced ages, he was telling me with a kind of proud in his eyes and I saw that it could not be entirely understandable for me and, even most relevant, probably neither for the most of the people in the whole world.

And I can hear my grandmother whispering "What we will do without you from now on?" when she thinks that she's alone, and actually I got sometimes those thoughts for myself. But now I can see that it's not possible to be without him. After some meditation I'm sure that I'd not be the one I am nowadays if i didn't had met him. He was an artist. Despite of the fact that he never had handled a pencil or a guitar, he was a real artist. He was a dreamer, a worker, a lover, a planner everything always intensely merged, like indissociable. He could build everything. Houses, planes, TVs, swords, toys, everything. He showed me that I must be proud of my work and the only way to reach it is doing it always with 'something more'. And after some time I can figure out that I can't actually enumerate all the things that I've learned with him. They're just there, they're just me. And all I can think is that even without knowing it, someone will, someday, somehow, embrace my grandpa's thoughts through my thoughts. As matter becomes to new matter, thoughts becomes to new thoughts - and thus each part of a man has a chance to live forever, although not together. And I'm feeling well now because I'm sure that he is close to me more than ever, in my blood and in my mind. If there's a soul in fact, it doesn't matter. Even without it, I have now a best concept to proudly answer that so asked question "is there something more after life?" - Yes, there is. And I don't care if someday i'm not gonna be here to watch it.

Thanks, vô. It's precisely like a lamp. It shines.

25 de fev. de 2010

Φυγε!!! Φυγε τωρα!!

Em algum momento lhe fez sentido mudar sua vida completamente - deixar para trás absolutamente tudo que viveu e que possuiu, mantendo apenas o fundamental: roupas, alguns livros e no máximo meia dúzia de amigos. Depois, iniciar uma vida completamente nova e louca. Quem diria, se seis meses antes alguém pensaria naquilo tudo. E que peito pra encarar esses começos de mudança, as dificuldades de adaptação, falta de grana, de suporte... fora esconder e dissimular as saudades todas, indesejáveis, cortadoras de climas e baratos - uma hora todas elas devem passar. Esse é o melhor, nada foi assim tão emocionante, nunca. E tudo que é emocionante e novo se confunde com paixão. E paixão, ainda que falsa, altera os sentidos, e aí as dificuldades recebem cores mais bonitas, meio Living on a Prayer, e a sensação de viver a vida de forma extrema faz tudo parecer mais possível, ainda que menos fácil.

Depois de um tempo as coisas já não lhe saíam mais tão bem. O que era novo virou repetido. As dificuldades que antes reluziam como desafios interessantes foram superadas rapidamente, dando lugar à disciplina ingrata da manutenção da falta de problemas. As fortes emoções iniciais são lentamente absorvidas por um tédio estranho.

Frustrantemente percebia que sua fuga havia sido totalmente infantil - não pelos motivos, mas a execução propriamente dita. Infantil como uma criança brincando de esconder, que tapa a cara e os ombros e deixa todo o resto à vista por não conseguir enxergar a si mesma. Fugiu como a criança que foge de casa, anda três quarteirões e acha que lá está bom - por ser um lugar que nunca havia visto, talvez fosse longe o suficiente. Se fosse permitido olhar para trás, comparar com o passado e perceber as coisas, veria que estava vivendo praticamente no mesmo lugar. Estava vendo os mesmos filmes, só que os novos. Comia as mesmas comidas e inconscientemente fazia as mesmas caras de satisfação de sempre. Os novos amigos cultivados não eram outros senão os amigos dos velhos amigos, e as pessoas desejadas e indesejadas haviam mudado de cara, mas não em proporção. Fugir novamente seria inconsequente e desleal. Voltar ao passado, inconcebível. O presente, amargado pelo desejo do sempre-melhor-e-maior, era o próprio fim da linha. Na ausência de opção melhor, fez-se em sua cabeça, pela primeira vez, a crença da esperança, tal qual da dona de casa que o marido volte logo da venda com a prometida garrafa de tubaína.

20 de fev. de 2010

9 de fev. de 2010

Não é normal...

... olhar para cima e ver o preto. Sempre aqui é aquela cor dourada-suja, do reflexo das luzes da cidade na nuvem que ainda não é de chuva, mas que aguarda sua apoteose na hora do rush do dia seguinte.

E preto eu já tinha esquecido como era, assim como azul. Bom, azul é preto, só que de dia...

Mas aí eu olho pra cima e vejo que além do preto existem estrelas. E isso é tão raro que chega a ser esquisito. Mas pior que isso é que hoje eu percebi uma coisa que durante trinta e um anos me disseram e eu nunca consegui ver: elas tem cores diferentes. Tem uma bolota ali vermelha. Ela deve ser uma bolota, mas eu vejo estrelado pela miopia. Acho que metade da capacidade de uma pessoa de ver estrelas no céu está concentrada na sua falta de capacidade de convergir a luz corretamente. Mas é vermelha, ou passou a ser. E mais, não é só ela, tem várias delas. E tem várias outras que eu só vejo com o canto do olho, se eu miro nela, perco de vista.

E estão todas lá, inertes e estáticas, a imperceptíveis dez ou quinze quilômetros por segundo. Todas elas girando em torno de algum sol que agora dorme e aproveitando para desfilar o raro momento onde a lua, aquela soberba umbigocêntrica, se ausenta.


Foi a primeira coisa em muitos anos que me fez dormir uma noite com a luz e com a televisão apagadas.

2 de fev. de 2010

Procurando alguns pontos de equilíbrio entre meus credos pessoais, acabei chegando a uma conclusão difícil de tragar. Assustadora pela sua natureza, mas reconfortante em outros aspectos. Decidi finalmente crer em fantasmas. Mas em fantasmas, apenas. Não acredito em vida após a morte. O erro no caso seria pensar que há uma relação direta entre a morte e o fantasma. Muito embora a morte possa criar fantasmas, eles não se relacionam diretamente.

Na verdade acabei por acreditar que eu mesmo sou um fantasma. Sei que tem gente que se me visse agora, assim do nada, ficaria pálida e teria as reações bizarras de pane cerebral que configuram perfeitamente o comportamento esperado de quem vê fantasmas. Ainda mais, creio em gente que se perturba comigo, que me mantém guardado no espaço metafísico que existe entre o embaixo da cama e o limbo da memória. Que me vê em sonhos e acorda suando frio. E tem quem acredita na minha existência e ao mesmo tempo, talvez por medo, me negue.

E aquela imagem que temos de fantasmas, sempre demonstrando agonia ou desespero, por vezes também é a minha. E muitas vezes sinto que sou translúcido tal qual o estereótipo mais comum - que não consigo desaparecer de todo, mas também nunca sou inteiramente visto. E de relance na rua ou em algum lugar, a pessoa atormentada acha que me viu e toma susto, mas era só impressão, nunca estive lá.

Fantasma é vivo mesmo. Ou não, não é nem vivo nem morto. Mesmo porque, ao que aparenta, fantasmas têm seus fantasmas também, recursivamente, ou até quiçá reciprocamente.

Agora entendo melhor porque os filmes de fantasmas não me apavoram mais.

29 de jan. de 2010

Comunique-se com o futuro

Suponha que você tenha algo realmente muito importante a ser dito para os que viverem na Terra em um futuro longínquo. Sua mensagem deve permanecer gravada, à prova do tempo, da água e do fogo, pelo máximo de tempo possível.

Perceba que os manuscritos do mar morto não são um bom exemplo, já que não durarão muitos milênios mais, uma vez que foram reintegrados à sociedade tão cedo.

Escreva na pedra. Entalhe as letras com formão.
Escreva, em algumas pedras, textos comuns, de coisas comuns, para que outros possam simplesmente ter material para conseguir reconstruir o idioma e os caracteres, a fim de ler as mensagens importantes.

Faça muitos desenhos. As histórias são melhor perpetuadas com imagens autoexplicativas.

Escreva em objetos de barro ou cerâmica - vasos, potes, esculturas. Eles resistem ao tempo e chamam a atenção, demonstram que a fonte é humana.

Enterre, para que não os encontrem tão logo.

Não use papel nem tinta, nem mídias digitais. Eles são os que perecem mais rapidamente, e daqui 300 anos certamente não mais transmitirão mensagem alguma.

E tenha a certeza de que daqui alguns milênios alguém vai olhar aquilo e achar que você era um primitivo que escrevia no barro e na pedra.

8 de jan. de 2010

O mistério da baunilha

Eu não entendo a baunilha. Não sei se é um cheiro ou um gosto. Ela é definida pelos substantivos que menos definem algo para mim: essência e aroma. Embora não tenha gosto de fato, tampouco um cheiro facilmente descritível, sua presença em qualquer coisa é marcante.

Para mim, a baunilha é como uma astronave que me conduz a uma centena de pontos diferentes da minha vida. Basta uma mordida em um bolinho ou uma colherdada de alguma sobremesa para que eu me submeta a momentos que nem sabia que se encontravam em minha memória. Me lembro de ser criança e estar na casa do meu avô e, no mesmo segundo, de um café rápido que tomei em uma manhã, antes de ir para a faculdade. Depois essas memórias descem pelo esôfago junto com o alimento e umas imagens traiçoeiras confundem a minha visão.

Se lembrança tem gosto, é de baunilha.

7 de jan. de 2010

No Portão 1 da USP

Vim caminhando da estação Cidade Universitária até a entrada da USP e me deparo com aquele bicentenário foco de alagamento no cruzamento da Afrânio Peixoto com a Alvarenga. Do outro lado da rua, um ônibus aguardava no semáforo. Corri e bati na porta, e o motorista fez um sinal de negativo com o dedo. Berrei: "me ajuda a cruzar a enchente, não consigo atravessar a pé!". E ele balançava a cabeça pra qualquer lado e me acenava com o dedo, como se não me ouvisse. Berrei mais alto. Uma hora ele se encheu e abriu a porta:
- Que você quer? Não posso pegar passageiro aqui!
- Só me ajuda a passar pela enchente, estou com roupa social...
- Não posso, vc acha que é assim, a gente dá carona pra qualquer um?
- Nao quero carona!! São 50 metros! Você pára depois da poça e eu desço...
- AAAAHHH mas ali é que eu não posso parar mesmo! Você tá achando que pode fazer essas coisas? Não pode, é meu emprego....
- Tá, falou. Tomara que você não precise nunca de ajuda.
- Não é nem por mim, é que não pode... [blá blá que eu não fiquei pra ouvir]

Entrei na USP, dane-se.
Pensei em pegar um ônibus no ponto, ou em ir a pé pra casa... Nenhuma opção era boa. O ideal era pegar na Vital Brasil, mas tinha que chegar até lá. Meu bilhete único acabou e aí eu seria obrigado a pagar duas passagens, sendo uma delas só pra me levar duas quadras, isso eu me recuso.

Então vi um cara no portão da academia de polícia, e fui até ele
- Opa... tudo bom?
- opa...
- O senhor não me deixaria cruzar por dentro da academia só para chegar do outro lado? Não consigo passar pela enchente a pé...
- Ahhh, não dá, sabe por que? Eu acabei de fechar a academia toda... como vai passar até lá se eu já fechei tudo?
- Eu sei, é que pela rua não dá...
- Mas e aí, eu já fechei tudo... Eu não vou abrir a academia par você passar, né, já fechei todas as portas, essa aqui é a última...
- Tá bom, deixa, brigado.
- Você queria o que, que eu abrisse tudo? Não posso, eu já fechei tudo, fechei a academia toda! Olha a hora!
- Tudo bem, eu não sabia, deixa, obrigado
- Obrigado eu! Mal-educado....

Fui novamente no cruzamento, pedi para um outro motorista de ônibus que me abriu a porta, cruzou a poça e me deixou em um lugar seco e seguro, e aí consegui voltar pra casa.

Sinceramente, o desleixo público com relação aquele cruzamento que sempre alaga não me incomodou tanto quanto a reação das pessoas que me negaram ajuda. Seus valiosos empreguinhos são ótimos pretextos para a cômoda omissão de um pedido de ajuda que, diferente da grande maioria dos pedidos, não era em nada lesivo. Diferente daquele profissional do semáforo, que faz carinha de triste e pede um trocado, eu não pedi nada senão um pouco de bom-senso.

O Brasil é o seu povo e, portanto, ainda subdesenvolvido.

5 de jan. de 2010

Manchetes: "Mogi-Bertioga é liberada". Aff.
Liberada, liberada. Depois de todo mundo subir e descer até pelo meio da mata virgem, liberam. Foda-se. Caiu uma pedra gigante no meio do caminho e se o custo pra liberar isso em tempo do reveillon for de 1 milhão de reais, então que se gaste isso - Já que não usaram nem uma fração disso pra garantir que na época de maior movimento o evento ocorrido não seria possível.

Que o erro básico do brasileiro - que é facilmente medido pelo seu encanto ao ver a meticulosidade de qualquer coisa na Europa - é fazer tudo justo, tudo na conta. Nunca há folga, nunca há margem. É fácil poupar dinheiro assim, cortando esses excessos em um país praticamente sem histórico de cataclismas.

Em um dia de tráfego pesado encontramos a Anchieta e a Mogi-Bertioga fechadas. Uma por causa de um acidente imbecil, de imbecis que trafegam como imbecis e fazem imbecilidades, aí algum imbecil acha que todo mundo é imbecil e então interdita a pista. O outro por causa de chuva, porque desbarrancou, interditou e deixou uma área perigosa.

Quanto pra resolver? Um milhão? dois, três, dez? Acho que isso é a quantidade de carros que trafegaram nesse momento - o gasto com combustível por todos eles, em reais pode ser estimado em este número multiplicado por cem.

Enquanto o mundo lá fora está enfrentando terremotos e guerras e velhos conservadores complexados, a gente toma chuva e morre. E não entende porque falam que tal estrada é "de primeiro mundo" ou porque aquele produto é "gringo". E o segredinho é simples, é sovinagem. O Brasil, de fato, eu não sei, mas São Paulo sim, posso afirmar com convicção, é um aglomerado de pão-duros.

Quando você estiver caminhando na chuva e se abrigar embaixo de uma marquise, pode verificar que o prédio que a projeta tem no mínimo cinquenta anos de idade. Naquela época ainda pensavam nisso, no mínimo. Hoje em dia a gente tem de lidar com coisas simples da natureza da maneira mais burra. Muita gente gasta hoje em dia mais de vinte mil reais em um guarda-chuva de luxo, com rádio, e ainda paga IPVA por ele. E não é pouca essa gente.

Eu não vou ser imbecil como alguns imbecis que conheci por aí que dizem que gastam muito dinheiro com bobagem enquanto muita gente morre de fome - mesmo porque nunca ouvi falar de ninguém que realmente morreu de fome. Vou dizer é o seguinte: Gastam o dinheiro com bobagem porque ela parece ser mais barata do que se gastar com coisas de utilidade pública, compartilhável. Se o que se lucra com a mão de obra infeliz do brasileiro não se reverte para beneficiá-lo com o mínimo, tipo proteger da chuva, então não está servindo é pra nada.

Faça a conta: Pense numa suposta aplicação onde está colocada alguma verba para administração pública. Essa aplicação rende surreais 26% ao mês. Ao final de um ano completo, quantas pessoas deixaram de aproveitar dessa verba, porque morreram de velha?