5 de jan. de 2010

Manchetes: "Mogi-Bertioga é liberada". Aff.
Liberada, liberada. Depois de todo mundo subir e descer até pelo meio da mata virgem, liberam. Foda-se. Caiu uma pedra gigante no meio do caminho e se o custo pra liberar isso em tempo do reveillon for de 1 milhão de reais, então que se gaste isso - Já que não usaram nem uma fração disso pra garantir que na época de maior movimento o evento ocorrido não seria possível.

Que o erro básico do brasileiro - que é facilmente medido pelo seu encanto ao ver a meticulosidade de qualquer coisa na Europa - é fazer tudo justo, tudo na conta. Nunca há folga, nunca há margem. É fácil poupar dinheiro assim, cortando esses excessos em um país praticamente sem histórico de cataclismas.

Em um dia de tráfego pesado encontramos a Anchieta e a Mogi-Bertioga fechadas. Uma por causa de um acidente imbecil, de imbecis que trafegam como imbecis e fazem imbecilidades, aí algum imbecil acha que todo mundo é imbecil e então interdita a pista. O outro por causa de chuva, porque desbarrancou, interditou e deixou uma área perigosa.

Quanto pra resolver? Um milhão? dois, três, dez? Acho que isso é a quantidade de carros que trafegaram nesse momento - o gasto com combustível por todos eles, em reais pode ser estimado em este número multiplicado por cem.

Enquanto o mundo lá fora está enfrentando terremotos e guerras e velhos conservadores complexados, a gente toma chuva e morre. E não entende porque falam que tal estrada é "de primeiro mundo" ou porque aquele produto é "gringo". E o segredinho é simples, é sovinagem. O Brasil, de fato, eu não sei, mas São Paulo sim, posso afirmar com convicção, é um aglomerado de pão-duros.

Quando você estiver caminhando na chuva e se abrigar embaixo de uma marquise, pode verificar que o prédio que a projeta tem no mínimo cinquenta anos de idade. Naquela época ainda pensavam nisso, no mínimo. Hoje em dia a gente tem de lidar com coisas simples da natureza da maneira mais burra. Muita gente gasta hoje em dia mais de vinte mil reais em um guarda-chuva de luxo, com rádio, e ainda paga IPVA por ele. E não é pouca essa gente.

Eu não vou ser imbecil como alguns imbecis que conheci por aí que dizem que gastam muito dinheiro com bobagem enquanto muita gente morre de fome - mesmo porque nunca ouvi falar de ninguém que realmente morreu de fome. Vou dizer é o seguinte: Gastam o dinheiro com bobagem porque ela parece ser mais barata do que se gastar com coisas de utilidade pública, compartilhável. Se o que se lucra com a mão de obra infeliz do brasileiro não se reverte para beneficiá-lo com o mínimo, tipo proteger da chuva, então não está servindo é pra nada.

Faça a conta: Pense numa suposta aplicação onde está colocada alguma verba para administração pública. Essa aplicação rende surreais 26% ao mês. Ao final de um ano completo, quantas pessoas deixaram de aproveitar dessa verba, porque morreram de velha?

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