Procurando alguns pontos de equilíbrio entre meus credos pessoais, acabei chegando a uma conclusão difícil de tragar. Assustadora pela sua natureza, mas reconfortante em outros aspectos. Decidi finalmente crer em fantasmas. Mas em fantasmas, apenas. Não acredito em vida após a morte. O erro no caso seria pensar que há uma relação direta entre a morte e o fantasma. Muito embora a morte possa criar fantasmas, eles não se relacionam diretamente.
Na verdade acabei por acreditar que eu mesmo sou um fantasma. Sei que tem gente que se me visse agora, assim do nada, ficaria pálida e teria as reações bizarras de pane cerebral que configuram perfeitamente o comportamento esperado de quem vê fantasmas. Ainda mais, creio em gente que se perturba comigo, que me mantém guardado no espaço metafísico que existe entre o embaixo da cama e o limbo da memória. Que me vê em sonhos e acorda suando frio. E tem quem acredita na minha existência e ao mesmo tempo, talvez por medo, me negue.
E aquela imagem que temos de fantasmas, sempre demonstrando agonia ou desespero, por vezes também é a minha. E muitas vezes sinto que sou translúcido tal qual o estereótipo mais comum - que não consigo desaparecer de todo, mas também nunca sou inteiramente visto. E de relance na rua ou em algum lugar, a pessoa atormentada acha que me viu e toma susto, mas era só impressão, nunca estive lá.
Fantasma é vivo mesmo. Ou não, não é nem vivo nem morto. Mesmo porque, ao que aparenta, fantasmas têm seus fantasmas também, recursivamente, ou até quiçá reciprocamente.
Agora entendo melhor porque os filmes de fantasmas não me apavoram mais.
6 comentários:
E o que isso faz de mim?
sonhei com vc essa noite
se acordou bufando, vc é assombrada. Mas duvido.
dê cá um abraço que isso aí é depressão, bobo!
o tueio falou que gosta de fantasmas \hhn
Bebe que passa.
vive que passa.
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