Das poucas vezes que eu me vi no mato em meio aos bovinos, não soube o que fazer. Me lembro quando ainda era moleque e estava com uns poucos amigos, alguns mais capiaus, explorando trilhas. Fomos cercados por uma quantidade razoável de bois e vacas, não sei bem quantos, mas quando me dei conta estava rodeado deles. Rodeado intencionalmente; eles deram a volta na gente, era intimidador. Aí algum doido resolveu pegar uma pedra e jogar, elas se afastaram e saíram de circulação, e continuamos a trilha.
Na última vez, me lembro que eu estava encabeçando a trilha. Sei lá pra onde, exatamente. Aquela estrada podia dar em qualquer lugar. Mas as vacas começaram a me rodear e fiquei assustado. Tentei mostrar alguma soberania, mas estava num relevo desfavorável e me sentia mais ameaçado do que conseguia me fazer intimidador. A Pedra do Baú tem seus mistérios, e alguns deles não são em seus aclives, mas no sopé. Já fui castigado no mesmo lugar por vespas que se mantêm até hoje em minha memória e no meu tegumento, e toda cautela é importante.
5 comentários:
Você tava meio sonequinho quando escreveu isso? \hhn
furadeira não, só bateria.
muac
Não é impressionante que fiquemos muito mais sensibilizados
com a lembrança da picada de uma vespa
do que com a picada da vespa, ela própria?
Dói mais a lembrança da ferroada do que o ferrão
e é menos entorpecente o veneno do que a recordação.
A memória é mais nociva que um enxame, mais forte que uma boiada, mais firme do que uma rocha e mais misteriosa que um baú. Sem memória seríamos livres, mas também insensíveis.
No final das contas, entre somas e subtrações, entre ir ou vir, todas as vespas do mundo, em qualquer lugar do mundo, vão remeter àquela, para o bem e para o mal.
É uma questão de trauma ou nostalgia?
Até que ponto se separa trauma de nostalgia?
como se mostra soberania pra um monte de vaca? essa eu preciso aprender! heheh
http://arthurtofani.blogspot.com/2009/10/receita-de-miojo-final.html
tó
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