14 de dez. de 2009

Trabalhos III

Refletindo sobre o último post percebi que cometi um engano. Vender minhocas e bigatos não foi minha primeira empreitada como empresário. Na verdade, foi muito antes. Por volta de 85 ou 86, devia estar na terceira série, tive a brilhante idéia de fazer skates em miniatura de papelão e vender na escola. A idéia era interessante até: cortava um pedaço de papelão no desenho do shape de algum skate real que eu usavaria como modelo, no tamanho tal que ficasse bom para um boneco do comandos em ação ou playmobil. Usava umas 3 ou 4 camadas de cartolina para engrossar o shape, pintava com canetinha e colava lixa d'água. Depois, com plasticor fosforescente eu guarnecia as laterais, ficava parecendo as borrachas de proteção que os skates usavam naquela época. As rodinhas eram feitas com papelão enrolado e colado. Eu não tinha achado nenhum jeito muito melhor, mas depois de embeber o papelão em cola tenaz durante um tempo eu conseguia moldar ele e fazer parecer plástico.

O que ocorreu foi que usei o meu skate e do meu irmão como modelo pra produzir os primeiros, e levei na escola. Um amigo falou que queria que fizesse o dele também, e eu cobrei alguma coisa que hoje me dá a impressão de equivaler a uns 2 reais atuais. Alguns amigos pediram e fiz uns 5 ou 6 "custom-made handcrafted miniskateboards". Uma produção limitada, que dava uma certa manutenção - volta e meia alguém reclamava que a rodinha descolou ou que o skate dobrou no meio. Mas foi um dinheiro justo que, embora não tenha sido capaz de cobrir nem o gasto com canetinha, fez de mim um precoce artesão fora-da-lei, auto-explorando minha mão-de-obra infantil, sonegando impostos que eu desconhecia e fazendo apologia a atividades perigosas para crianças menores de 10 anos - além de criar e vender acessórios para os comandos em ação sem a autorização da dona da patente.

3 comentários:

L disse...

essa vc não tinha me contado... muinto espertinho.

vê o smurfinho grego.

smaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaack (pra sair do negativo \hhn)

EBA! disse...

Huhauahuahauahauha...
Cara, você conseguiu! Acho que nunca mais vou conseguir ler algo mais ácido do que o último parágrafo desse texto.

L disse...

Olha o Rodrigo te incentivando mais uma vez... ¬¬