23 de jul. de 2009

Aí o tal do fulano que trabalhava desde a década passada num banco tomou uma cerveja e voltando pra casa a polícia parou. E aí ele ficou nervoso porque sabia do risco, e não foi exatamente cooperativo. A polícia encanou com ele, obrigou a fazer o bafômetro, acabou fazendo e pegou uma cana. Não chegou a passar da cadeia da delegacia porque não tinha espaço em presídio pra um caso tão besta como esse. Ainda réu primário... Mas, pelo ocorrido, perdeu o trabalho. E não conseguiu outro. O cara, coitado, trabalhou a vida inteira dando manutenção em caixa eletrônico. E de um, específico. Tirando isso, com que mais ele se diferenciava no mercado? Mas o mundo corporativo não tolera pessoas com antecedentes criminais. A vida pública, menos ainda. Resumidamente, isso lhe custou a vida. Não foi o preço da morte, claro. Mas foi o preço da vida.

Outro fumou um cigarro em um lugar fechado - dentro de uma loja. O zé polícia tava lá e repreendeu. O Outro não gostou de ser repreendido, achou um insulto. Multa. Custava o que ele precisava pra pagar a dívida do carro. Não pagou, pagou o carro. Tempos depois levaram o carro dele embora, e depois de 5 anos ele não conseguiu comprar outro. Ou não... Poderia ter custado mais... poderia ser uma cana... poderia ter perdido a vida inteira pela frente também.

Eu conheço pessoas que pegaram uma cana. Por bobagem, todas elas. Todas se ferram por isso até hoje, de um jeito ou de outro.

Reserve.

Cada dia pode-se fazer menos coisa. Hoje, vc não pode fumar em lugar fechado. Agora, vc não pode ter relações com uma pessoa menor de idade (mesmo se for seu namorado ou namorada). Depois, não pode isso. Não pode aquilo. Tem lugar que se seu filho de 17 anos estiver na rua depois das dez, e tomar uma surra, vc é preso por não ter botado ele pra dentro antes das 10. Mas que faça isso sem violência, porque se levantar o tom de voz pra ele e ele se sentir injuriado, e sua vizinha assistir à cena e ligar pra políca, vc pode também levar outra cana.

O mundo atual é feito de um mundo arrependido. Está na cara das pessoas a vergonha do passado. O Vinícius de morais se apresentava em programa infantil tomando um copo de uísque. Um episódio inteiro dos trapalhões, do começo dos anos 80, não poderia passar jamais na tv hoje sem uma edição absurda, cortando trechos do Mussum cachaceiro sendo chamado de urubu pelo Didi.

E a solução desse mundo arrependido é transformar o antiético em criminoso. Se não é ético, não é legal. Crime. Cana. Uma cana que custa bem caro.

Mas, como as coisas são ditas em prol "do bem estar social", então pode. Claro. Morrer é errado. Ameaçar a vida é errado. Viver é certo. Matar é tão errado que tem gente que considera a idéia de transformar o ser humano em um animal herbívoro.

Volta.

Cada vacilo pode custar uma cana. Isso significa que cada vacilo pode custar a vida. O Brasil não precisa de pena de morte porque praticamente já condena pra algo pior que isso todos aqueles que são condenados, naturalmente.

O erro desses babaquinhas estudantes piqueteiros é achar que a polícia reprime pelo uso da força. E aí fazem esse teatrinho ridículo que prejudica todos os peruanos intercambistas da USP. E não conseguem perceber uma coisa tão clara - que hoje, eletronicamente, podem te declarar como morto. Basta você ter um apontamento contra você, em um banco de dados qualquer, que já é o suficiente pra sua vida virar uma merda.

Sabe qual é o pior? Não dá nem pra argumentar. É satânico tentar impedir as "coisas boas". Pelo menos, aqui, ninguém lê mesmo.




PS - A Pitty é hoje a roqueira mais ROOTZ do Brasil pq em uma música recente ela diz "que me acha foda". Mas que bando de babaca é essa gentinha de hoje!

PS2 - Não, eu não tenho antecedentes criminais. Nem fumo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se o cara q tomou a cervejinha tivesse atropelado e deixado sua mãe paraplérgica vc não teria postado isso. Só dói essa "injustiça" contra "vacilos" pq ainda não ardeu no seu.

Arthur Tofani disse...

Engraçado as pessoas dizerem o que eu teria ou não teria feito. Interessante que poucas delas se perguntam o motivo de eu dizer ou não algo.

Eu teria postado isso sim. Porque o caso não é beber e dirigir, isso é bem claro. O caso é o ser-humano estar cada vez mais limitado, por hoje em dia não pagar pelas coisas que faz, mas também pelo perigo em potencial das suas ações. E de um excesso de zêlo pela vida (sobretudo a humana) que cada dia mais é endossado por novos mitos, novas questões.

Outro ponto a se exercitar é tentar evitar tomar uma posição política simplesmente porque arde no seu ou não - seja pra bem ou pra mal. Existe todo um mundão aí afora além do nosso umbigo.

É exatamente como eu disse. Isso não pode ser dito. Ainda não é crime escrever coisas assim mas provavelmente vai ser, em pouco tempo.

Mas obrigado ao amiguinho anônimo que acompanha regularmente as minhas travessuras.

Anônimo disse...

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